quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

VIOLÊNCIA „FAMILIAR”


É muito fácil notar em breves pesquisas, que trata-se do tema „violência doméstica” quase exclusivamente relacionado a algum tipo de agressão contra a mulher. Neste aspecto, o homem é muito condenado, porém não há elogios a homens que conseguem manter o controle e não reagir de forma violenta mesmo quando agredidos. Aparentemente, a sociedade perde as reais dimensões éticas na compreensão da violência e tende a cuidar de “minorias”, como homossexuais, diferentes raças, etc. Parece haver uma grande dificuldade em conseguir-se estabelecer como norma e regra universal que claramente qualifique todos como humanos, onde ninguém pode ou deve ser exposto a agressões e violência de qualquer espécie, sem a segmentação socialmente proposta.

Família é um “lugar” onde em teoria existe paz e segurança. A hipocrisia da sociedade em admitir e enxergar diferentes problemas doentios dentro das famílias constitui um dos fatores que favorece a propagação daquilo que não deveria nunca existir, como a violência.

Assim, começam a surgir fragmentações dos instrumentos de coerção do Estado, específicos para cada caso: Delegacia da Mulher, Delegacia para Animais, Delegacia para tudo, fragmentando todo o sistema e criando parâmetros duvidosos para a interpretação de leis e execução de controles diversos. Tal tipo de fragmentação, acaba por fragmentar também a noção exata daquilo que chamamos de violência e agressão.

A agressão surge normalmente da frustração, da vontade de domínio, da falta de argumentos e começa com a agressão verbal, muitas vezes culminando com algum tipo de agressão física ou psicológica. Devemos avaliar uma certa quantidade de situações de grande conflito como termômetro para uma possível agressão extrapolada para o campo da agressividade e: a) resolver de forma racional a questão ou b) encerrar todo e qualquer tipo de contato, evitando assim o aprofundamento dos problemas e futuras agressões possíveis.

Segundo Rynerson & Fishel, 1993; Saffioti, 1997, a violência é um fenômeno existente que não distingue raça, nível social, etc. Eu diria que é um problema democrático que atinge a todos. Mas, para que ele realmente se manifeste, há permissividade para que o comportamento surja e se instale.

Segundo Hamberger & Holtzworth-Munroe, 1999; Faulkner, Stoltenberg, Cogen, Nolder & Shooter, 1992; Sinclair, 1985; Rynerson & Fishel, 1993; Gondolf, 1993, o agressor tem sempre uma tendência enorme para minimizar a agressão e negar o comportamento, transferindo a culpa para a vítima. Normalmente o agressor sofre de baixa auto-estima, depressão de algum tipo e ansiedade (Hamberger & Holtzworth-Munroe, 1999).

Grande parte da sociedade foi educada com “castigo”, punições diversas “didaticamente” aplicadas às crianças durante seus desenvolvimento. Este grande erro também induz a um comportamento do “ensinar pela violência”, pois aprender é sinônimo de apanhar. São diversas as formas que um agressor usa para legitimar seu comportamento e muitas vezes parece ser impossível que ele compreenda a profundidade de tal tipo de ação. Os problemas vão desde a falta de respeito pelo outro ao total descontrole e falta de domínio de suas emoções e frustrações.

Segundo Padovani, Cortez & Williams, 2001, é possível reverter processos de quadros violentos com técnicas e estratégias, porém não é fácil. Devemos sempre considerar se vale a pena a luta para suprimir os sentimentos que surgem após uma agressão, pesar o passado, valores e afetos, avaliar a culpa oculta em nosso consciente e inconsciente, e daí tomar as decisões cabíveis.

Certamente, há pessoas com maior “potencial de perdão” que outras e ainda, aquelas que julgam inaceitável a agressão descabida, o que é diferente da violência fundamentada em defesa. É importante notar ainda, que é a permissividade do agredido que proporciona a possibilidade de repetição de atos de agressão e às vezes, até mesmo o início destes.

Leia, pense, avalie. Agir com agressividade além de errado indica incapacidade de compreensão, dificuldade em lidar com a realidade, dificuldade de auto-aceitação entre tantas outras falhas, algumas delas imperdoáveis.


Tadziu

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

SOBRE O COMÉRCIO DE ANIMAIS



NÃO COMPRE ANIMAIS! ADOTE UM AMIGO!

Temos aqui um alerta com relação a uma feira que negocia animais no Embu das Artes. Já é o segundo artigo alertando e chamando atenção para comportamentos sociais humanos que podem e devem ser modificados. Quem se interessar pode ver a íntegra da parte II sobre a Feira da Vergonha, mas não se limite a isso. Veja também todo o trabalho desenvolvido pela Confraria Miados e Latidos que tenta conscientizar e salvar animais abandonados com um projeto que merece a apreciação e o reconhecimento de todos os sensatos, daqueles que conseguem pensar de forma crítica, eliminando o senso comum e a alienação.
Generalizar geralmente é um erro, mas buscar elementos que tragam universalização de conceitos e valores é uma busca válida. Ter convicção é um erro, pois esta geralmente pode estar baseada unicamente em uma crença pessoal, porém ter certeza já é algo baseado em observação, constatação e verdade.
Não é difícil por exemplo, encontrar em uma breve pesquisa como deve ser feito o comércio de animais, desde estrutura básica a dimensões do ambiente.
Criador, que é um tipo de pecador (não no aspecto religioso), porém no ético e o comprador, que é uma vítima inconsciente e frustrada, querendo por pouco ou nada comprar um animal de raça, do tipo “pudo” ou “sianês”, sente-se indignado com a crítica e tenta uma linha de defesa “lógica” para legitimar os próprios atos. O comprador pode também facilmente encontrar informações sobre como e onde adquirir um animal de raça, porém este tipo de gente quer pagar pouco e irá cuidar do animal da mesma maneira na maior parte das vezes, economizando.
Claro, é muito fácil fazer tal defesa eliminando a realidade de tantos animais abandonados, especialmente em época de festas de final de ano e férias. Os mesquinhos humanos, e não são poucos, compram animais como se fossem brinquedos que podemos desligar quando temos algo “mais importante a fazer” e que não merecem cuidados quando não é de nosso interesse, então também podem ser abandonados a sua própria sorte.
Com o velho chavão “fotos dizem mais que palavras”, e não é difícil notar que as condições humilhantes e insalubres onde as vendas de animais normalmente acontecem são uma realidade. Não é sequer necessário fotografar o fato, qualquer pessoa pode notar que animais são vendidos sem afeto, como pura mercadoria, permanecendo em “recipientes” mínimos, expostos ao sol, frio, e muitas vezes sem uma estrutura básica necessária para seu conforto.
Em momento algum vi nomes ou acusações diretas, do tipo: o Sr. Silva comercializa animais... ou o Sr. Souza é um ignorante que adquiriu um animal em uma feira sem estrutura e de uma pessoa ignorante, o que faz também dele um imbecil.
O artigo apenas descreve o problema e chama a atenção de todo aquele dotado de um mínimo de inteligência, para o fato de existir algo errado, algo cruel sendo cometido, ainda que de forma “inocente”, porém ignorância não é perdoável.
Descartes dizia em seu Discurso do Método, que todo o ser humano e dotado de bom senso. Grande engano, bom senso exige cultura, sensibilidade, noção de realidade e tantos outros quesitos que muitas vezes são desprezados e ignorados.
A feira acontece em local público, ou seja, é minha, é sua, é de todos. Há os que não percebem o tamanho do problema, e há os que além de perceber, querem tornar o conhecimento acessível a todos. É assim que se constrói uma sociedade melhor, mas fraterna e solidária.
Se considerarmos somente o fato de MUITOS dos animais abandonados serem de raça, notamos que além da venda de animais ser uma coisa questionável, pois um criador RARAMENTE leva em conta quem é o comprador, visando apenas o lucro, um vendedor meia boca é uma criatura ainda mais vil e mesquinha e pensa ser a solução de algum problema que ele mesmo está ajudando a alimentar e desenvolver.
A raça de um animal pode se importante para alguns, porém geralmente é vaidade. Neste caso, procure um criador sério, há poucos porém eles existem, e gaste para ter um animal de procedência decente e bem criado, conheça os pais dele, o local onde nasceu, avalie a estrutura. Se você quer um animal de “raça” apenas, e quer comprá-lo por pouco, provavelmente não irá cuidar bem dele e sua vaidade é pior que a da situação anterior. Quem não pode pagar por um bom cão não poderá manter um bom padrão de alimentação e cuidados.
Um bom animal é aquele que te desperta sentimentos e do qual você cuida. Pensar de outra maneira é ser racista. Se você avalia um animal desta maneira, avalia também as pessoas de forma semelhante, então você se torna racista, sexista e outros “istas” que devem desaparecer socialmente, pois o mundo será melhor sem os preconceitos dos cretinos.

A Confraria Miados e Latidos resgata animais, cuida, avalia a saúde, doenças graves básicas, castra, alimenta e doa, sendo que as doações não são aleatórias e sim para pessoas que apresentam um mínimo de respeito e consciência pela vida animal e são avaliadas. Muitas vezes, até mesmo eu, coloco dinheiro do meu bolso para uma castração, um medicamento, dedico tempo e em momento álbum obtenho lucro, exceto o que vem do prazer de ter salvo uma vida, de ter participado de um processo lento de conscientização social.

Uma doação não é feita aleatoriamente, mas uma venda é feita para o primeiro que quiser pagar, sem mencionar que a maioria das compras se dá por impulso, sem a consciência do tempo de vida do animal, das necessidades, eventuais doenças que ele poderá vir a ter e que deverão ser atendidas por um período que pode chegar a até 20 anos.

Muitas vezes o comprador é um mero ignorante, é mais vítima que culpado, daí a conscientização ser necessária, pois na verdade, assim como existe corrupto e corruptor, existe o criador e o comprador, e todos estão errados.

Abaixo os “protestos” dos cidadãos em questão:

Nome: fabio | E-mail: xxxxxxxxxxxxx | IP: XXXXXXXXXXXX
estou meio chateado por escreverem sobre a feira de embu das artes sendo que comprei um cao lá e não vi nada disso que foi dito e mostrado nas fotos e conheço as pessoas das fotos são pessoas que vende animais que cuidam muito bem por isso acho uma grande mentira boa parte escrito aqui no municipio de embu já temos um grupo de protetora que chamamos de desocupadas vem problema em tudo so que acho que divia cuidar mais de suas vidas algumas pessoas dessa feira são pessoas que fazem parte dos protetores da regiao e sao pessoas se vende é pra ajudar muitos caes abandonados na rua de embu não é justo escrever chigando as pessoas que nem conhecer já vou comunicalos disso do que estao falando


O Sr. Fábio, que claramente expressa problemas de redação e coesão na forma de escrever, julga que tudo está bem. Claro, talvez ele nunca tenha passado pela estrada e notado a quantidade de animais abandonados e atropelados, talvez ele na verdade saiba que está errado, e uma das formas que encontrou para se defender foi criticar “um grupo de protetora”, chamando o grupo de desocupado (veja que falta de plural e concordância dificultam até o comentário).

VENDER significa obter lucro. Não sei se alguém já pensou no custo com veterinários, remédios, castração, cuidados... e os animais do projeto não são vendidos, são doados após avaliação e com critérios. Obter lucro com animais não pode e não é algo que possa ser associado a proteção animal.

Xingar, que na verdade deve ser escrito com “X” e não “CH”, é um outro tipo de coisa. Foi feita uma crítica e crítica não pode ser destrutiva e sim construtiva, porém avaliando toda a situação, a crítica é construtiva por descrever fatos e não contém xingamentos. Crítica também é algo aberto a desenvolvimento e defesa, porém usar de retórica é artifício dos fracos.

Nome: daniel | E-mail: xxxxxxxxxxxxxxxx | IP: xxxxxxxxxxxx
parabens pro seu texto só que antes de falar e escrever sobre as pessoas da feira e tira fotos sem permisao da pessoa não é muito etico se não tem o que fazer problema seu verifique antes de escrever qualquer coisa. faço parte da feira de filhotes não maltrato nenhum animal se vendo filhotes porque você não vai me da raçao ou pagar veterinario tem meus caes todos bem cuidados tem veterinaria que aconpanha meus caes falar e colocar fotos é facil só que prova o que esta falandoé outra coisa varios dizem mais arume o que fazer

O Senhor Daniel, que primeiramente dá os parabéns pelo texto, o faz de forma estranha e hipócrita. Como dar parabéns e em seguida dizer que tudo está errado? Talvez seja um problema com o domínio da escrita, onde ele quis ser irônico e não conseguiu.

A feira é pública e proibir qualquer tipo de registro é uma censura e apenas demonstra que houve registro de algo irregular, de algo errado. Será que o Senhor Daniel criticaria as mesmas fotos caso estas recebessem legendas elogiando a feira e o comércio cruel de animais? Duvido muito.
O que será que o Senhor Daniel compreende por ética, uma vez que o comércio segundo ele está de acordo com os mais elevados padrões de venda de animais? Qual a base para este conceito dele? Alguma feira de animais na Somália?

Não precisamos arrumar mais o que fazer. Animais abandonados, de raça ou não, existem aos montes, e na verdade, pessoas como o Senhor poderiam ajudar no trabalho de doação, cuidados, etc, porém preferem fazer uma crítica sem fundamentação alguma. Na verdade Senhor Daniel, quem tem facilidade para falar sem nada fazer é o Senhor.

Um grande e fraterno abraço a todos. Espero que algumas das idéias e conceitos expostos possam abrir os olhos e eliminar o senso comum da avaliação de mundo de muitos que tiveram o trabalho de ler, avaliando o verdadeiro conteúdo.

Tadziu