quarta-feira, 30 de julho de 2008

ABORTO II

29/07/2008 - 08h47
Quase 15% das grávidas usam abortivos, diz estudo
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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

"Quase 15% das gestantes brasileiras usam produtos abortivos, revela uma pesquisa da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), recém-publicada em uma revista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), com 4.856 grávidas de seis capitais brasileiras. Chás de ervas, anticoncepcionais de alta dosagem e misoprostol (Citotec) foram os métodos mais usados pelas mulheres.

Durante o trabalho, os pesquisadores avaliaram quais dessas substâncias estavam relacionadas a uma maior incidência de má-formações fetais e descobriram que o misoprostol aumentou em 2,64 vezes o risco de o bebê ter problemas congênitos, como defeitos nos sistemas nervoso (meningomielocele e microcefalia) e musco-esquelético (pé torto).

Isso ocorreria porque a substância interfere no desenvolvimento normal da vascularização do embrião ou do feto.
Desde o início dos anos 90, o uso do misoprostol (criado originalmente para tratar úlcera gástrica e que teve venda proibida no Brasil) tem sido o principal meio para a realização de abortos no país. Estudos revelam que de 50,4% a 84,6% das mulheres que cessaram a gestação utilizaram o medicamento.

O estudo da UFRGS, que teve por objetivo primário investigar a incidência da diabetes gestacional, envolveu mulheres com mais de 20 anos, entre a 21ª e a 28ª semanas de gestação, atendidas em unidades de assistência pré-natal vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) em Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Entre as que relataram o uso de substâncias abortivas, --muitas o fizeram para induzir a menstruação e descobrir se estavam grávidas, outras desejavam abortar-- 34,4% afirmaram tomar chás de ervas, 28,3% utilizaram hormônios sexuais e 17%, misoprostol.

O uso de hormônios sexuais de alta dosagem (ginecoside, por exemplo) com fim abortivo foi o segundo maior fator de risco para as má-formação. Os bebês das gestantes que os usaram tiveram 2,2 vezes mais chances ter anomalias.

"As anomalias congênitas, causadas ou não pelo uso de medicamentos durante a gestação, vem contribuindo com uma proporção crescente de casos nos índices de mortalidade infantil", diz a farmacêutica e professora da UFRGS Tatiane da Silva Dal Pizzol, uma das autoras do estudo.

Ela diz acreditar que os números de anomalias encontradas no trabalho podem estar subestimadas por terem sido considerados só os diagnósticos dos médicos que acompanharam o nascimento dos bebês. Dal Pizzol diz que a alguns defeitos neurológicos podem se manifestar após dias ou meses.

A farmacêutica diz que o trabalho não encontrou associação entre os chás abortivos e as anomalias fetais, embora essas substâncias sejam tóxicas. Uma explicação, segundo ela, está no fato de que há uma grande variedade de chás e não foi possível encontrar um número significativo de gestantes que tenham ingerido o mesmo tipo --critério fundamental."

Sem muitos comentários! A proibição do aborto é realmente precisa e está de acordo com a realidade?
Que tal legalizar o aborto e permitir o acesso de todos aos métodos anticonceptivos?
Se algo estiver errado nisso, que "Deus" puna os culpados, uma vez que não é capaz de cuidar dos que nascem sem a menor condição de vida. CHEGA DE HIPOCRISIA!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Zeitgeist - Para assistir e pensar



Zeitgeist é uma palavra alemã, traduzida como “espírito do tempo”. O Zeitgeist é em resumo, o nível de desenvolvimento e avanço intelectual e de cultura do mundo em uma época.
O filme, com aproximadamente duas horas (feito especialmente para quem gosta de conspirações) tenta mostrar como o paganismo e outras religiões, crenças e mitos influenciaram o cristianismo.
Acredito que tudo deve ser visto e avaliado com senso crítico e também pesquisado para confirmação de veracidade dos fatos. Nada, NADA daquilo que recebemos “pronto”, assim deve ser aceito sem questionamentos ou base real.
É um filme que no fundo, questiona nosso modo de ser e indiretamente mostra o que é preciso para mudar o mundo e nosso meio de vida.
Trata-se de uma trilogia abordando os temas: Cristianismo, Terrorismo e a Economia, como grandes responsáveis pela manipulação da humanidade. Questiona-se o Jesus, que poderia ser plágio de diversas outras crenças, o terrorismo, utilizado pelas religiões e na política com finalidades de manipulação, e o fator econômico, centrado nos banqueiros internacionais, mas que na verdade deve ser visto como parte de todo um sistema capitalista de mundo.
É muito difícil comparar os fatos narrados com materiais disponíveis para comprová-los, porém na parte que trata de Cristianismo, talvez até por ser a mais antiga, é mais fácil de ser verificada.
De qualquer modo, não podemos negar que nos tornamos extremamente egocêntricos e isolados do mundo, e que estamos banalizando e aceitando um mundo que poderia ser de melhor forma construído por nós e para nós e ainda, que religiões, racismo e vários outros “ismos” colaboram para um mundo menos feliz dificultando a emancipação do homem para algo realmente bom.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

MÉTODO - FILOSOFIA E NIETZSCHE


Nietzsche tinha especial preocupação com o conhecimento histórico e realizou críticas contra a historiografia preponderante na Alemanha de sua época. Desde a obra “Humano demasiado humano” de 1878, sustentou a importância de pensar a problemática moral historicamente.
Então, compreender o significado da história, e a falta de “historicização” da filosofia, dificulta o compreender a história e a própria filosofia.
O fundamental no método genealógico, é considerar tudo, desde as instituições, os hábitos, a política, a religião e a arte, as elaborações intelectuais, como algo a ser compreendido de forma diacrônica, ou seja, estudar os termos coexistentes e suas relações, especialmente nos termos sucessivos que com o tempo vão sendo substituídos e se transformando.
Para Nietzsche, as formas e usos das coisas sofrem transformação de sentido e impedente tentativas totalizantes de definição (Genealogia da Moral, II, 12, p.66).
Nietzsche afirma na Genealogia: “definível é apenas aquilo que não tem história” (Genealogia da Moral, II, 13, p. 68)
As pessoas retomam significados em diferentes períodos históricos, com necessidades e finalidades diferentes das originais que tornam-se ocultas, e passam a adaptar-se às necessidades das forças e poderes atuantes no momento.

Desta maneira, Nietzsche aborda aspectos de suma importância, como:

a negação de uma ontologia que busque a necessidade do absoluto e a afirmação do devir estar em tudo.
dando um sentido à linguagem como possuidora de uma origem e que esta historicamente atende a configurações específicas do poder.

Levar e conta e desconfiar da linguagem, uma vez que como referência para o conhecimento seguro das coisas, ela não é segura.

Pensar história para Nietzsche é considerar manter o rigor histórico em sua realização.
Genealogia da Moral de 1887 é um marco que concretiza o “método” genealógico da filosofia de Nietzsche.
Em o Humano demasiado humano de 1878 ainda não aparece o uso da “genealogia”, e ele trata de forma mais clara a “filosofia histórica”, Nietzsche desenvolve a realização de um projeto e de uma “filosofia histórica”. O olhar histórico vai sendo incorporado gradativamente e o método genealógico, a partir de suas reflexões acaba por florescer em 1877.
Nietzsche, em Humano demasiado humano de 1878 pela primeira vez posiciona suas investigações filosóficas com bases firmes em história, quando surge a necessidade do “sentido histórico” para a realização de investigações filosóficas.
Ele critica os métodos filosóficos investigativos sem fundamentação em história em momentos onde denomina sua crítica contra a “filosofia metafísica”, evidenciado especialmente em seus aforismos 1, 2, 11 e 16 da obra Humano demasiado humano.
Escrevendo contra a “filosofia metafísica” no aforismo 1, ele afirma que se faz necessário um novo “método filosófico”, que ele denomina de “filosofia histórica” e finalmente no aforismo 11, ele questiona a linguagem como referência segura para adquirir conhecimento.
Para Nietzsche, toda a metafísica comete um grande erro desconsiderando o valor do vir a ser. Despreza o “mundo conhecido por nós”, o “mundo dos fenômenos” para os metafísicos, o que para nós se chama vida e experiência.
É como se não houvesse interesse no valor de importância do devir para o conhecimento do homem e do mundo. É como tratar a metafísica como ligada à necessidade de penar a verdade como sendo exata e absoluta, na busca de verdades eternas, desconsiderando totalmente o valor do devir, que é intrínseco para o conhecimento.
Voltando à origem, ao passado histórico da metafísica, a filosofia histórica mostra que a metafísica está dentro da história, dentro do campo histórico de representações, que inclui atribuir significados e atribuições humanas às coisas e ao mundo, criando palavras, conceitos e nomeando as coisas.
O mundo é como é, por herdarmos uma configuração pronta das coisas, uma forma de ver que vem de outras representações tecidas pelo pensamento passado.
Entre os motivos para cada uma das configurações em diferentes momentos da história estão: exigências morais, estéticas e religiosas, cega inclinação (senso comum), paixão ou medo, o intelecto dos homens, os maus hábitos e o pensamento ilógico.

Estes são para Nietzsche os motivos para a introdução nas “coisas” em nossa concepção fundamental, sendo para ele a metafísica uma expressão da atividade pictórica do homem, e este sendo aquele que fez aparecer as concepções metafísicas (o fenômeno”, a “coisa em si”.
Assim, os metafísicos ao invés de caminhar para descobrir novos significados verdadeiros eternos, estariam se afastando da percepção de verdade do homem e do mundo gerando novas representações.
Segundo Nietzsche, o “passado grandioso” é terrível e profundo de significado e cheio de alma, colorido pelos homens, o que nos mantém em um campo limitado e delimitado, envolvendo nossos atos no presente e nos mantendo aprisionados.
Um método filosófico deve considerar muitos elementos para que possa ser construído sem dogmas. O passado importa, o futuro importa, mas a busca da verdade e do conhecimento também devem ser feitas levando-se em conta nossas próprias limitações, que devem sempre ser superadas, assim conseguindo criar novas relações com as coisas e com o mundo, compreendendo melhor toda e qualquer relação.
O verdadeiro filósofo e o “verdadeiro filosofar” deve contrapor perspectivas, deve utilizar-se de diversos meios, e não deve criar dogmas. A visão deve ser ampla, abrangente e olha para todos os lados, por dentro e por fora, e considerar toda e qualquer possível perspectiva.
O perspectivismo exige termos os prós e contras sob nosso controle e utilizar a diversidade. O método de Nietzsche não é apenas perspectivista, é também experimentalista, mas tratar de um problema não pode ser nunca algo pronto, completo, finalizado, deve ser provisório e permitir espaço para novas interpretações.
Um dos grandes valores do método, é a estratégia onde o argumento não é provar de forma racional e lógica que o que diz é a verdade, mas alertar e mostrar que aquilo em que nossas crenças tem base pode não ser confiável. Algo óbvio deve nos trazer a suspeita para a revisão de nossas crenças, por mais simples que sejam, pois o intelecto produz erros.
Paradoxalmente, Nietzsche nos mostra que muitas vezes, não é a vontade de conhecer que “incomoda”, mas o não conhecer que torna-se a questão válida.
Revelar realmente um “método”, que eu possa considerar como sendo o mais importante, seria limitar a capacidade na busca da verdade. Pessoalmente, elimino a maior parte da metafísica como ciência destinada à busca da verdade, porém vejo em diversos métodos, validade na busca de respostas para a problematização do mundo e da própria filosofia.
O problema do método filosófico compreende diversas investigações históricas e sistemáticas e devemos pensar nelas desde Platão até os dias atuais. Encontraremos diferentes abordagens e sistemas, onde o importante sempre será e estará nos efeitos e alcanças que determinado método nos dará com relação a determinado problema. Apesar da tendência de “autonomia” entre os métodos, na verdade existe e deve existir uma mescla entre os mesmos, possibilitando extrair-se o que há de melhor e mais necessário em cada um deles na busca de conhecimento.
Seja por uma perspectiva dialética, transcedental, hermanêutica, analítica ou outra qualquer, a reflexão deve ser ampla, plural e perseguir o objeto do pensar, onde o conhecimento deve buscar conhecer a si mesmo de forma plena, sem que exijam idéias fixas, dogmatização e outros elementos que tragam bloqueios ao desenvolvimento do pensar.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ABORTO




São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008 – Folha de São Paulo COTIDIANO


“Câmara derruba projeto que legaliza aborto - Pelos projetos, deixaria de ser crime aborto feito em gestações de até 90 dias; hospitais públicos teriam de realizar o procedimento.

Durante quase três horas, os projetos 1.135, de 1991, e 176, de 1995, foram objeto de discursos pró e contra que misturaram direito e convicções religiosas.”

“O momento mais polêmico foi quando o deputado evangélico Carlos Willian (PTC-MG) tirou de uma caixa duas bonecas e um caixão de criança e gritou para a platéia: "Vocês querem matar essas crianças?".

“Antes da cena, Willian comparou o abortamento com recentes crimes ocorridos contra crianças no país -Isabella Nardoni, jogada da janela, e João Roberto Amorim, baleado no domingo no Rio, em crime atribuído a policiais militares.”

É interessante observar, que as religiões não conseguem por si só IMPOR suas próprias “leis e vontades”, necessitando de todo um aparato jurídico demonstrando enorme hipocrisia nas possibilidades de soluções a médio e longo prazo. Não bastaria que seus fiéis fossem obedientes às regras impostas pelas religiões? Por que se faz necessário a imposição também legal para a questão?

Desprezam primeiramente, a liberdade real que todo cidadão deve ter em fazer suas próprias escolhas e mesmo com a existência de um tal livre-arbítrio, exigem leis de proibição. Apresentam exemplos idiotas como Isabella Nardoni e outros, que se popularizaram graças aos meios de comunicação e despresam o sofrimento de um mundo de crianças abandonadas e rejeitadas pelas famílias. Aborto sim, para quem quiser fazer, que deve ser feito em hospitais públicos, pois trata-se de um problema social, sem a hipocrisia de abortos caseiros ou realizados em clínicas clandestinas. Religião está entre as instituições mais conservadoras e hipócritas que existem.

"Aquele que teme a Deus e ama ao próximo não tem que se limitar a um debate jurídico." A frase, do deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), foi uma das que deram o tom religioso.

Ainda que exista um “Deus”, ele não é o mesmo para todos e está ausente das soluções e causa problemas. Não se pode e não se deve impor um deus ou uma religião a toda uma sociedade, pois isso afeta a liberdade religiosa (ou não).

“A maior parte das pessoas presentes, no entanto, era contrária às proposições. Havia quem rezasse o terço e distribuísse revistas católicas.”

Levando-se em contata a realidade e os problemas existentes, desprezando-se todos os mitos e semelhantes, podemos facilmente constatar que:

1) Precisamos de campanhas de conscientização para a questão da natalidade, onde o estado e toda a sociedade devem ensinar os métodos anticoncepcionais;
2) Legalizar o aborto, pois são inúmeras as situações onde ele é necessário, e quando não realizado em hospitais ou clínicas, acaba sendo feito de forma caseira ou ilegalmente em clínicas sem estrutura por médicos desqualificados;
3) A esterilização também deve ser divulgada e estar disponível para homens e mulheres no serviço público de saúde.

Além do aspecto humanitário compreendido no direito ao aborto e conhecimento dos meios de anticoncepção, pois crianças indesejadas acabam se tornando na maioria das vezes crianças de rua, bandidos, etc, o mundo também agradecerá por uma menor taxa de natalidade com as medidas acima relacionadas.



Seria interessante que as igrejas evangélicas e católicas recolhessem TODAS as crianças abandonadas e adotassem as rejeitadas que poderiam ter sido evitadas por aborto, então sim o discurso passaria a ter um pouco de sentido.

domingo, 6 de julho de 2008

Religião e Capitalismo


Maximillian Carl Emil Weber é considerado um dos fundadores da Sociologia. Nasceu em Erfurt a 21 de Abril de 1864 e faleceu em Munique em 14 de Junho de 1920. Foi economista, jurista e intelectual alemão. Casado com Marianne Schnitger que era socióloga e historiadora de direito.
Seu pai era protestante e uma figura autocrata. Sua mãe uma calvinista moderada. A mãe de Helene tinha sido uma huguenote francesa, cuja família fugira da perseguição na França.
Conhecido especialmente por seu trabalho sobre a Sociologia da Religião, juntamente com Karl Marx e Emile Durkheim, é um dos modernos fundadores da sociologia.
Max Weber é autor da Ética protestante e o espírido do Capitalismo, assunto que quero abordar com alguma profundidade, dada a importância que o capitalismo assume no formato em que o vivemos especialmente nos países “em desenvolvimento”. A obra em questão é um ensaio sobre as religiões e a afluência de seus seguidores. Apesar de subjacente á obra de Weber estar a realidade da Alemanha no início do século XX em termos econômicos, é muito válida mesmo hoje, uma vez que o atual quadro social é fruto e ainda é influenciado pela religião.
Weber também desenvolve um pensamento crítico e claro sobre a política, em um ensaio sobre política como vocação, onde coloca o estado como essencial no pensamento da sociedade ocidental, onde ele tem o monopólio e é livre com legitimação para atuar de forma coercitiva, onde então, política passa a ser a produção do poder.
Weber cita “a verdadeira ética católica”, como sendo a ética do Sermão da Montanha, para quem não lembra, a questão de “oferecer a outra face” não mais existindo em um político. Uma ética como a mencionada se relaciona a um santo e não a um político, e este por sua vez, se distancia dos governados e é apenas governante, esposando a ética dos fins últimos e também a da responsabilidade.
É inegável a influência da religião na vida política, social, valores, moral, etc. O pensamento católico durante séculos manteve o mundo economicamente estático. A ideologia católica do convencimento, bem mais típico de economias tradicionais, pregava que a riqueza deveria ser distribuída de forma a mais eqüitativa possível. A crítica implacável à figura do usurário é um símbolo da atitude católica durante um longo período. Claro, questões assim não se aplicavam à própria igreja (e ainda não se aplicam), mas a idéia aqui é compreender a sociedade e a forma que esta sofre influência religiosa na economia e em suas relações.
Surge então a cultura protestante e o “esprírito do capitalismo”, que passam a relacionar tudo à predestinação baseadas em uma idéia de que Deus determinou e decretou o destino de todos os homens. Surgem com os protestantes idéias mais fortes de sinais sobre a vida sendo determinada já com os “eleitos” de Deus e os predestinados à danação.
Uma grande diferença que surge entre o tipo de abordagem que a religião causa no universo social:
Para os católicos, existem elmentos atenuantes que lhes permite cometer erros e deslizes, além da pregação da “gratuidade” no seus atos, que podem e deve ser feitos por qualquer um para qualquer um, mas para os protestantes, destacando-se aqui os calvinistas, é exigida uma comprovação para ser eleito de Deus e vive-se enormes limitações e restrições relacionadas à liberdade do fiel com relação a seus atos e a seu racionalismo. A visão de mundo proposta pelos protestantes é uma iluminação pela santificação e cada ato do cotidiano conta, o que faz com que o trabalho tenha grande valor e enaltecimento, visto também como pontuação na tal santificação, o que permite que a ética protestante e o espírito capitalista convivam de forma articulada.
Os atos racionais que temos com relação a um objetivo são determinados por aquilo que espearamos do comportamento, o que é válido para o mundo exterior e também com relação a outros homens, então, todos passam a buscar e perseguir objetivos transformando-os em metas principais. As religiões influenciam diretamente o modo de busca.
O ato, a ação racional, é um valor definido pela crença “consciente” em um valor impenetrável, que pode ser: ético, estético, religioso, entre outras formas de conduta. É um agir que assume riscos, é fiel à sua “honra”, seja ela qual for e à sua crença, e esta toma conta de sua consciência, e o homem comete atos tendo a crença como base, como por exemplo o capitão que afunda com o seu navio.
Para Weber, a ciência positiva e racional pertence ao processo histórico de racionalização, sendo composta por duas características que comandam o significado e a veracidade científica. Em que estas duas características são o não-acabamento essencial e a objetividade, em que esta, é definida pela validade da ciência para os que procuram este tipo de verdade, e pela não aceitação dos juízos de valor. Segundo ele o não-acabamento é fundamental, diferentemente de Durkheim que acredita que a Sociologia é edificada em um sistema completo de leis sociais.
Weber por sua vez defendia que para todas as disciplinas, tanto as ciências naturais como as ciências da cultura, o conhecimento é uma conquista que nunca chega ao fim. A ciência é o devir da ciência. Seria necessário que a humanidade perdesse a capacidade de criar para que a ciência do homem fosse definitiva.
A objetividade do conhecimento é possível, desde que se separe claramente o conhecimento empírico da ação prática. Segundo Weber essa é uma atitude que depende de uma decisão individual do pesquisador, ou seja, os cientistas devem estar dispostos a buscar essa objetividade.
Na concepção dos autores Weber e Durkheim, há uma separação entre ciência e ideologia. Para Weber também há uma separação entre política e ciência, pois a esfera da política é irracional, influenciada pela paixão e a esfera da ciência é racional, imparcial e neutra. O homem político apaixona-se, luta, tem um princípio de responsabilidade, de pensar as conseqüências dos atos. O político entende por direção do Estado, correlação de força,
A sociologia de Max Weber se inspira em uma filosofia existencialista que propõe uma dupla negação. Nega Durkheim quando afirma que nenhuma ciência poderá dizer ao homem como deve viver, ou ensinar às sociedades como se devem organizar. Mas também nega Marx quando diz que nenhuma ciência poderá indicar à humanidade qual é o seu futuro.
A ciência weberiana se define como um esforço destinado a compreender e a explicar os valores aos quais os homens aderiram, e as obras que construíram. Ele considera a Sociologia como uma ciência da conduta humana, na medida em que essa conduta é social.
Se a sociedade nos impõe valores, isso não prova que ela seja melhor que as outras. Sobre o Estado, o conceito científico atribuído por Weber constitui sempre uma síntese realizada para determinados fins do conhecimento. Mas por outro lado obtemo-lo por abstração das sínteses e encontramos na mente dos homens históricos.
Apesar de tudo, o conteúdo concreto que a noção histórica de Estado adota poderá ser apreendido com clareza mediante uma orientação segundo os conceitos do tipo ideal. O Estado é um instrumento de dominação do homem pelo homem, para ele só o Estado pode fazer uso da força da violência, e essa violência é legítima, pois se apóia num conjunto de normas (constituição). O Estado para Durkheim é a instituição da disciplina moral que vai orientar a conduta do homem.
Weber tem a religião como tema muito presente em seus trabalhos. “"A ética protestante e o espírito do capitalismo" é uma grande obra abordando o tema. A intenção era compreender as implicações das orientações religiosas na conduta econômica dos homens, procurando avaliar a contribuição da ética protestante, em especial o calvinismo, na promoção do moderno sistema econômico.
O desenvolvimento do capitalismo para Weber devia-se em grande parte ao acumulo de capital, ainda na Idade Média. Os pioneiros do “novo capitalismo” faziam parte de seitas puritanas levando uma vida pessoal e familiar rígida. Graças às convicções religiosas esses puritanos acreditavam que o êxito econômico era uma benção de Deus.
A definição de capitalismo se dava pela existência de empresas com o objetivo de produzir o maior lucro possível e onde o meio para isso era a organização racional do trabalho e da produção. A união do desejo de lucro e disciplina racional são a constituição básica do capitalismo.
Vale a pena pensar na influência da religião, especialmente das pentecostais, que ainda hoje, ou especialmente hoje, usam de todos os meios para tornar os meios de produção mais distantes dos “não eleitos”.

NARRATIVAS MITOLÓGICAS, FILOSÓFICAS E RELIGIOSAS




O sagrado é muitas vezes citado pelos mitos e as relações entre os seres e o mito é feita por ritos. O mito narra como Seres Sobrenaturais criam uma realidade que passa a existir. Mitos revelam sua atividade criadora em suas obras.
Sendo o mito também sagrado, ele conta “histórias verdadeiras” e se refere a realidades vividas por pessoas. Mitos cosmogônicos são “verdadeiros”, pois o mundo aí está para comprová-los.
O mito, nas civilizações primitivas era indispensável e exprimia crenças, impunha valores morais, e oferecia regras para a orientação do homem.
Na cultura judaico-cristã sobre a Origem do Mundo, este foi criado pela ação de Deus:
- O mundo foi feito em seis dias, sendo o 7º dia para o descanso: 1ºdia: a Luz é criada; 4ºdia: são criado os astros e as estrelas; no 6ºdia: são criados os animais domésticos e o ser humano. No 7ºdia: o Criador abençoa a criação e descansa.
O próprio mito dita um ritmo de tempo, onde o trabalho também é uma criação de Deus, então, devemos trabalhar 6 dias e descansar um.
Outros mitos cosmogônicos buscam explicar a origem do universo. Na antiga Babilônia, o mito de Enuda Elish, fala sobre Marduk, a divindade protetora, e como o ser humano foi criado pelos deuses.
O mito do Ovo Cósmico na China relata um período em que só havia o caos que estava dentro de um ovo, onde estavam os princípios fundantes Yin e Yang, masculino e feminino, que entram em conflito, quebram o ovo e daí surge Pan-Gu, o primeiro ser, que tinha a missão de manter o céu e a terra separados. Exausto, Pan-Gu morre e, de suas pulgas, nasceram os seres humanos.
Na Grécia, o Cosmos surge de elementos preexistentes.
As convicções profundas de determinada cultura fazem com que o mito, como linguagem humana, seja sempre veículo da expressão do povo e de suas crenças.
Um dos mais populares mitos, o da maçã, é usado na Bíblia, porém esta não fala de maçã, e sim de fruto proibido (Gn 3,1-6). Então de onde surge a maçã? Entre os mitos gregos, há o seguinte: Em uma festa de casamento no Olimpo, Érida, a deusa da discórdia, mandou uma maçã de ouro às convidadas com a inscrição “para a mais bela”, o que criou rivalidade entre deusas. Em um mito escandinavo, a deusa Idun tinha posse da maçã da imortalidade e aquele que a comesse se tornaria um deus. Loki, pai da mentira, podia assumir a forma de uma serpente, atraiu Idun para as arvores na floresta e lhe roubou a maçã, então os deuses perderam seu poder de imortalidade. Os Celtas, na Bretanha, acreditavam que a ilha de Avalon era o jardim das maçãs. Quem lá entrasse e provasse do fruto se tornaria imortal.
O mito é contemplativo e a filosofia aparece questionando o mito. A Filosofia passa a ser uma reação intelectual para o caos que ameaça a inteligência e a vida.
Não somos apenas seres pensantes e agimos no mundo, nos relacionamos com outros humanos, com a natureza, coisas, presenciamos e causamos fatos, demonstramos e interagimos pela linguagem, gestos e ações.
A filosofia e as reflexões filosóficas estão diretamente ligadas à realidade, a tudo que nos cerca, a aquilo que pensamos e dizemos, e em todas as ações que temos nas relações com o mundo.
Podemos organizar a reflexão filosófica em conjuntos de perguntas, como: O que pensamos, dizemos e fazemos? O que queremos pensar e de que forma e o que dizemos a partir daí? Qual a finalidade do que pensamos e dizemos?
E as perguntas, podemos resumir em: O que é pensar? O que pensamos conseguimos transformar em verdade e conhecimento?
Basicamente, questionamos a essência, o significado, a origem e a estrutura das coisas.
A reflexão que podemos e devemos ter, sobre o por que, o que, norteando nossos atos de pensar devem ser perguntas sobre a capacidade e finalidade do homem em obter conhecimento e ter atitude.
Filosofia é um pensamento sistemático com indagações fundamentais que não ocorrem ao acaso graças às nossas preferências e opiniões. Não é um "eu acho" ou "eu gosto".
A Filosofia trata de enunciados com precisão e rigor, procurando seqüência lógica obtida com método demonstrativo e prova, precisando de fundamentação racional. Assim, busca visão crítica de si mesma, substituindo o "eu acho que" por afirmações do tipo "eu penso que".
A Filosofia busca questões próprias válidas que exigem respostas válidas, verdadeiras, relacionadas entre si, que sejam demonstradas e provadas racionalmente.
Graças à filosofia e ao desenvolvimento da ciência em geral, temos hoje a possibilidade de apreciar descobertas científicas que vão desde Copérnico dizendo que a Terra gira em torno do sol à criação do mundo compreendendo o evento do Big-Bang, que é a teoria científica onde o universo emerge de um estado extremamente denso e quente há cerca de 13,7 bilhões de anos, baseada em observações científicas que mostram que o universo continua a se expandir.