segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Scuppie - nova filosofia de vida




Scuppie é nova filosofia de vida
Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lavanguardia/2009/01/19/ult2684u479.jhtm (leia o artigo na íntegra)
“São pessoas abastadas. Mas querem aprender a gastar, gastar "conscientemente". Felizes conscientes. O neologismo scuppie agrupa os indivíduos que, desejam "viver bem enquanto fazem o bem".

Chuck Failla era diretor de uma grande empresa de planejamento financeiro com escritórios em Manhattan, e também comentarista de assuntos econômicos em diversos meios de comunicação. Entre eles, os informativos da CNN. Foi ele quem teve a ideia do chamado Manifesto scuppie, cuja filosofia pode ser encontrada em www.scuppie.com.

Usam roupas orgânicas - que podem ser 100% algodão, produzidas, é claro, por empresas livres dos circuitos de exploração. Alimentam-se de forma saudável, amam a soja pura e o arroz integral e respeitam o meio ambiente sem sentir que "sacrificam" sua vida por um paraíso verde. E tudo, isso sim, sem renunciar gastar.

"Não é obrigatório escolher entre a velocidade de um carro e a economia de combustível. As duas coisas podem ser combinadas - diz o documento, que tem como lema o conforto e a conservação. Luxo e continuidade. Em seu interior, há um ponto asceta e verde. Reciclam, usam sacolas de papel ou pano - nunca de plástico - e não desperdiçam água. "Ainda que você tenha dinheiro não tem porque ignorar a realidade. Pode agir de acordo."

O modelo escolhido - da alta sociedade - é o casal Angelina Jolie e Brad Pitt. Com filhos biológicos e adotados, grandes desafios profissionais e familiares, um compromisso social público e contínuo, eles estão envolvidos em campanhas de ajuda social, mas instalados no bem-estar. Jolie é embaixadora da boa vontade do Alto Comissionado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e parece que seu marido se contagiou por essa vontade solidária.

Os scuppies são pessoas definitivamente bem informadas, que tomam partido e fascinam o público com seu modo de vida, ainda que alguns os vejam como ativistas e outros apenas como mentes arrependidas que não pensaram no aquecimento global há duas décadas.

Como Failla teve a ideia do Manifesto Scuppie? Um dia, em seu escritório, depois de uma conversa telefônica, um colega de trabalho perguntou se ele havia conseguido um novo cliente. "Respondi que sim, que era o cantor Bono e eu iria ajudá-lo num projeto para pessoas sem teto. E enquanto eu falava, ele não parava de olhar com ceticismo para o meu Armani e o meu Rolex". Failla se questionou então se não era possível querer ascender profissionalmente e, ao mesmo tempo, ser socialmente consciente. "Ainda que eu ganhe dinheiro - responde Chuck Failla - não me esqueço que vivo em comunidade. Sei que devo envolver-me nas lutas pelo meio ambiente e contra a injustiça social".

Tradução: Eloise De Vylder

Ou seja, Ser Scuppie é ser um tipo de alienado com a consciência tapadamente em paz através de um novo artifício hipócrita porém “funcional”.
É uma opção que surge para minimizar ou eliminar a consciência necessária que eventualmente possa levar o mundo a mudanças socialmente justas e reais.
Para ser um Scuppie, é preciso ter um poder aquisitivo elevado, e pelos exemplos acima, talvez 10% da população mundial possa “brincar” de Scuppie. E sejamos sinceros, não fará tanta diferença para quem está passando fome na Africa ou mesmo no Brasil.

Chuck Failla, idealizador do movimento é um alienado ou um atormentado, ou ainda, criou uma novo meio para alienar e sossegar as massas. Um diretor financeiro em Manhattan e comentarista de assuntos econômicos, incluindo CNN, poderia por exemplo iniciar um movimento de conscientização, questionar o motivo que leva empresas que lucraram milhões ou bilhões em períodos anteriores não dividirem os lucros entre os funcionários ou como após tanto lucro não possuem alguma gordura para queimar e em início de crise demitem trabalhadores ao invés de socialmente manter os empregos... enfim, é um caminho bem confortável o que ele escolheu para melhorar o mundo “deles”.

Não podemos nos esquecer, que os mesmos que aderiram ao “scuppie”, são aqueles que trabalham vendendo e produzindo “cultura”, influenciando comportamentos, criando necessidades para vender mais, fabricando e poluindo o planeta de forma inconseqüente. Esta é a classe que diretamente “escolhe” como o resto do mundo deve viver, o que deve comprar, desejar...

Seria também interessante questionar a “permissividade” mundial com relação à limpeza étnica em alguns países da África e a condenação do mesmo fato no Iraque...

A opção de vestimentas e alimentação é perfeita, especialmente levando-se em conta, que os outros 90% da população mundial não podem manter tal padrão, sem mencionar os que não mantém padrão algum além do da fome e falta de vestimentas.

As propostas ecolócias são ainda mais engraçadas. Carros potentes e econômicos, sacolas descartáveis... nossa, realmente estou comovido. . "Ainda que você tenha dinheiro não tem porque ignorar a realidade. Pode agir de acordo." Deve ser de acordo com o padrão que já existia para esta melhoria, melhorado talvez com comida de ainda melhor qualidade.

Vejo a necessidade de medidas e de conscientização para o transporte coletivo, veículos econômicos ao extremo sem a necessidade potência, combustíveis não poluentes e renováveis, alimento barato saudável e para todos, etc.

O casal escolhido como modelo, pode-se dizer que até “faz algo” pela sociedade, especialmente Jolie, aparecendo em países pobres com tarefas humanitárias, adotando crianças, etc. Bem, para as crianças adotadas por ela fez diferença, algum “exemplo” até ficou, porém o que melhorou além disso? Vende mais filmes? Vende uma imagem melhor de si? Qual o valor real da ONU nos dias atuais? O Irã foi invadido apesar da “proibição” da ONU. Qual o motivo que impede uma ajuda solidária que se note, quando pensamos em tantos shows beneficentes de proporções bíblicas, projetos, doações, ongs, etc? Precisamos parar de viver de aparências.

Os scuppies são óbviamente “cultos” e despertam o fascínio do público, até pelo fato de grande parte deste público ler e gostar da revista Caras e outras semelhantes, então o senso crítico com relação ao que está ocorrendo faz com que pareça uma grande maravilha de comportamento social novo. O aquecimento global não irá mudar com os scupies, sendo que pode até piorar pela frustração incosciente que estes podem causar. A grande maioria dos veículos em circulação continuará sendo de veículos que consomem muito, em muitos locais do mundo serão ainda veículos velhos, e os investimentos em transporte coletivo continuarão no mesmo patamar do atual.

Mudanças reais virão com a educação, a melhor distribuição de renda, o desenvolvimento de um modo de vida com solidariedade, e não a partir de coisas banais como os scuppies, que na verdade são um atentado ao bom senso.

NINGUÉM precisa de Armani, Rolex, etc, exceto o sistema capitalista, que por si só é um vício que mantém as coisas como estão em um círculo vicioso interminável com sugestões de “filosofias” novas de vida para poucos.

Tadziu

IGREJAS EVANGÉLICAS



Um mercado interessantissimo, Se Eu fosse um filho da puta, já teria iniciado uma igreja qualquer, uma “Seita do Reverendo Tadziu” ou coisa parecida.

Investimento mínimo, isenções de todo tipo, uma apreciação da sociedade super positiva na média (exceto para quem é vizinho de uma dessas igrejas, pois parece que Deus é surdo), mas enfim...

Mais um templo evangélico causa mortes. Não bastasse a morte do espírito que estas igrejas causam, a economia capitalista desenvolvida por eles inclui também locais grandes e baratos, como teatros e cinemas falidos. Como reforma, somente tinta, o que não segura estrutura alguma. É fácil notar ma maioria delas, que as infiltrações e rachaduras são frequentes e comuns.

Novamente, um acidente fere muitos e mata alguns. Os fiéis são tão alienados, que alguns sequer aceitaram ajuda de custos para os funerais.

Realmente sem comentários. Deus deve ter derrubado aquela merda... e as autoridades que não fiscalizam de forma eficaz locais de grandes aglomerações, são no mínimo coniventes.

- A Igreja Renascer é a segunda maior neopentecostal brasileira e foi fundada por Estevam Hernandes e Sônia Hernandes.
- Ambos estão presos em Miami (EUA), desde janeiro de 2007. Acusação: lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores.
-Também estão com prisão decretada no Brasil por lavagem de dinheiro e também falsidade ideológica e estelionato.
- A Igreja tem uma rede de TV, uma gravadora, rede de rádio, uma editora e possui a Fundação Renascer.
- Atualmente estima-se algo como 1.500 templos espalhados por todo o Brasil e países como Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Espanha, Japão, entre outros, totalizando mais de dois milhões de fiéis.

Será que as pessoas são realmente tão tapadas a ponto de não notar que algo está errado?

Bem, esta postagem foi apenas um desabafo.

Tadziu

ALGO SOBRE O BLOG


Prezados “eventuais” leitores:

Após instalar um contador no blog, noto que existem sim muitas visitas, de lugares inesperados, e até de pessoas que pensei já terem desenvolvido um total desdém por minha pessoa, pelos meus valores e começo a poder estabelecer o tipo de conteúdo que se mostra mais interessante. Apesar disso, a idéia aqui não é comercial, então não focarei o conteúdo naquilo que é mais lido.

Lamentavelmente, poucos são os que se arriscam a comentar, como se o que está postado fosse de péssima qualidade, ou ainda, tão bom que gera medo e evita participações.
Primeiramente, quero deixar claro, que nós, a sociedade em que vivemos, nossos sistema econômico capitalista e nossa religião basicamente cristã entre outras coisas tantas, estão em crise e precisam ser revistos.

Nada aqui está pronto, não há fórmulas fixas, e trata-se mais de um alerta. Qualquer um que fique chocado ou pense nas posturas de vida, já estará sendo atingido, o que é uma das propostas do blog e de seu conteúdo.

Pelo teor forte de algumas das matérias que escrevo, mantive as participações limitadas a uma certa censura. Bem sei o tipo de gente religiosa que acessa este tipo de blog e a falta de educação que são capazes de demonstrar.

Um idiota completo por definição, é inferior em diversos aspectos, assim como a idiotice também pode ser verificada e qualificada de diversas maneiras. O mundo precisa de mudanças sérias e profundas, o que envolve também o engajamento de TODOS, no mínimo na reflexão de seus atos e na forma de contribuir para mudanças. O simples fato de alguém pensar um determinado tema e mudar sua forma de agir, pode iniciar com bons exemplos uma mudança comportamental via “contaminação”.

Você pode discordar que ateísmo é uma postura correta, porém não há como negar que a religião em mais de 2.000 anos trouxe mais retrocessos e não tornou o mundo melhor. Você pode negar que o Comunismo seja algo bom e aceitável, especialmente pelo tipo de experiência ocorrida no século XX, porém não pode negar que o Capitalismo não é uma boa resposta para o mundo e não resolveu a piores mazelas da humanidade.

Então, sou ateu e marxista, porém não um marxista baseado no senso comum do século XX, mas nos conceitos possíveis de desenvolver a partir de sua filosofia.

Então, de todo o caos que possa ser encontrado no conteúdo mais profundo de todos os pensamentos, lembre-se que mesmo o universo nasceu do caos, então como mais um agente do caos, peço que os leitores tentem retirar algo de bom e construtivo do blog. Certamente, alguns o farão como abelhas retirando mel, e outros como aranhas desenvolvendo veneno, porém ainda assim, qualquer mudança é bem vinda, pois o estabelecido moral e socialmente não está bom.

Tento não ter convicções, pois estas são travas, são impossibilidades de mudança, e busco por certezas, e poucas consigo na verdade. Por um lado, não aceitar argumentos é um sinal de forte caráter, porém por outro, pode ser uma eventual vontade de ser estúpido, então quero e gosto de ter o direito a mudar de opinião eventualmente, desde que com algum fundamento.

Muitas vezes, o “conhecimento” que tento transmitir deixa de ter tanto valor após ter sido transmitido, pois já evoluiu, já foi mais adiante, e isto faz parte da liberdade que todos devemos ter e cultivar.

Nietzsche dizia que: „Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra.” Então, se faz necessária uma saudável loucura pessoal, desenvolvida com tendências solidárias, e o fim das religiões, partidos que visam o poder próprio, enfim, um pouco mais de anarquia saudável.

A busca de um espírito livre, a crença em um mundo melhor, na mudança do ser humano, é algo sempre presente, mesmo que a impressão seja outra. Há pessoas que fazem a água ficar turva somente para que ela pareça mais profunda, o que não é minha intenção e sequer uma verdade.

“Verdadeiro eu chamo àquele que entra nos desertos vazios de deuses... Nas areias amarelas, queimadas de sol, sedento, ele vê as ilhas cheias de fontes, onde as coisas vivas descansam debaixo das árvores. Não obstante, a sua sede não o convence a tornar-se como um destes, habitantes do conforto; pois onde há oásis aí também se encontram os ídolos.” Nietzsche

TORNA-TE QUEM TU ÉS. NIETZSCHE

Tadziu

domingo, 18 de janeiro de 2009

EXISTENCIALISMO, PSICOLOGIA, CULPA



“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.” Nietzsche

Afetividade deve ser compreendida aqui da seguinte maneira: como as coisas nos afetam (exceto onde menciono outra maneira).

“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.” Friedrich Nietzsche

O artigo aborda desde paixões a situações que nos proporcionaram algum tipo de resposta emocional, seja paixão, amor, medo, e considerando-se o mundo a nosso redor, pessoas, situações, momentos. Devemos também considerar que o ponto de vista principal na exposição das idéias é o existencialista que valoriza e destaca a responsabilidade, a liberdade individual e a subjetividade de cada um. Cada um de nós é o mestre daquilo que faz e do seu destino.

Há muito conteúdo embasado em psicologia e filosofia, porém também conceitos próprios meus. A intenção não é demonstrar certezas, mas despertar o julgamento de todo aquele que tiver acesso ao texto.

Levando-se em conta o existencialismo, não podemos culpar os outros por nossos fracassos pessoais, então temos responsabilidade pelo que houve e devemos admitir que o cenário foi desenhado por nós (sempre).

A culpa nos afeta de formas interessantes. É um sentimento de reprovação de nós mesmos, é uma frustração da não realização de um efeito que tentamos causar da forma “certa”. É um sentimento de ser indigno, mau, ruim, carregado de remorso e censura. Algumas vezes é nosso, e até somos culpados, porém às vezes captamos culpas que não nos dizem respeito, pois de forma existencialista, da mesma forma que somos responsáveis por nossos atos, os outros também são.

É óbvio que não temos domínio de muitas situações, e que nem tudo está em nossas mãos, porém não perceber isso é um erro e um problema nosso. Não aceitar nossos limites também está na mesma situação de maturidade e compreensão do real.

O fracasso, qualquer que seja, acaba sendo também um elemento afetivo e nos derruba emocionalmente. Pode ser uma questão profissional, um projeto importante, casamento, namoro, uma paixão que prometia crescer, uma amizade que tomou um rumo diferente, qualquer coisa que seja pessoalmente relevante e importante.

Devemos observar, que em muitas das situações mencionadas acima, ou em outras tantas possíveis, não são sempre prioridades reais, e às vezes representamos papéis diferentes por diversos motivos, o que inclui também pressão social.

Apesar de parecer frio e leviano, muitas vezes as nossas dores nada mais são que uma maneira de reviver um passado antigo de carência, que é reforçado pelo medo e pela exclusão social. Vivemos em um mundo excessivamente competitivo, onde a solidariedade é cada vez menos valorizada, e somos vítimas também disso.

Por um aspecto bem freudiano, podemos dizer que o capacitado para amar já venceu os obstáculos e traumas familiares e está livre da mágoa da falta de atenção dos pais. Isso é válido para projetos em geral, romance, trabalho, tudo.

Sem este “espírito livre”, o emocional se prende a histórias de dor e sofrimento limitando a coragem, atrelando as histórias passadas à dor e ao sofrimento e impedem relações verdadeiras de entrega, de doação, sem os elementos egoístas e mesquinhos.

A questão da solidariedade, que é tão importante socialmente e deve ser fortalecida, é também importante em menor escala, seja em um desenvolvimento de um projeto ou em uma relação a dois, do tipo romântica. Nossa sociedade (leia-se capitalista), tende a nos manter na infelicidade, pois nela a ilusão do consumo, tão necessária à manutenção do sistema se mantém forte e conseqüentemente, nos mantém infelizes. Nem sei se vale a pena questionar se isso é ou não proposital, e em outro momento, talvez eu desenvolva a idéia de como isso ocorro, porém é fato que pessoas insatisfeitas desenvolvem maior ansiedade, e neste estado são melhores consumistas desta maneira tentando compensar sua infelicidade, sua inferioridade e carência.

"As boas ações elevam o espírito e predispõem-no a praticar outras." Jean-Paul Sartre

Aquele que falha, perde algo, alguém, acaba necessitando de realização no trabalho, de adquirir algum produto, de alguma forma mostrando que em determinada área ele “pode”, ele é “sucesso”.

Além do capitalismo que tanto complica a vida afetiva das pessoas, sem desenvolver, quero também lembrar que a religiosidade é também elemento negativo na vida e desenvolvimento do ser humano.

Especificamente dentro do tema, a religiosidade tira a responsabilidade do humanos com coisas como: “deus quis assim” e outras semelhantes. Devemos admitir nossos erros, lidar com eles, transformá-los em coisas boas, sentir a culpa real e não pegar “culpas” inexistentes para lutar com elas.

O psicólogo Wilhelm Reich diz que a busca pela perfeição nas relações é na verdade o medo da entrega e que este medo se fundamenta em uma máscara de tédio e cansaço na construção de relacionamentos. Ele batizou tal tipo de relação de “peste emocional”, onde o sofrimento é uma repressão imposta pela sociedade.

Podemos associar (e devemos) que a entrega está sim nos relacionamentos amorosos, mas que estes não são somente os entre casais, mas também em todo o tipo de relação, seja com amigos, projetos, trabalho, etc.

"Um amor, uma carreira, uma revolução: outras tantas coisas que se começam sem saber como acabarão." Jean-Paul Sartre
Freud também fundamentava nossas emoções e reações em sexo, então podemos dizer que “viver é foda”, e realmente é. O mais triste é notar que “ainda vivemos como Belchior”, que as mudanças sociais não são tão possuem ainda uma emancipação suficiente para o século XXI, que a “revolução sexual” é um “fake” e que vivemos uma falsa liberalidade permeada por valores morais fortes, e que com todas as mudanças, o que mudou na verdade foi a compaixão, o companheirismo, a dedicação que antes existia para tudo e todos e também a disponibilidade, que apesar da tecnologia, é um artigo em extinção sendo trocado por um mundo frio e virtual.

Um dos problemas que podemos notar e admitir, é o fato de muitas pessoas gostarem do título de “mártir”, se anulando e apenas reclamando. As pessoas acabam se dedicando a coisas secundárias e materiais, sem troca de afetividade (aqui deve ser lido como carinho, atenção, afeto mesmo), e o mundo acaba sendo algo com formalidades e papéis determinados.

"Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos." Jean-Paul Sartre

Novamente graças ao nosso sistema capitalista de vida, ressalto que as relações humanas sofrem e refletem as questões sociais e econômicas, onde estas invadem o mundo afetivo trazendo sensações de exclusão pessoal.

Miseravelmente, a religiosidade tem grande parcela de culpa nestes valores. Ela não traz respostas reais e práticas para as questões importantes, de alguma maneira quer transmitir a idéia de felicidade no além, mas não convence, então mesmo o religioso sofre com todas as questões econômicas e sociais como se não tivesse uma crença.

Devemos dispensar algum tempo para observar e avaliar se em um determinado relacionamento queremos viver troca de prazer ou usá-lo como cenário para reviver dramas passados, o que é uma atitude masoquista, porém real.

Um grande desafio é lidar com nosso passado e com as feridas que deixaram cicatrizes em nossa alma.

"Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem." Jean-Paul Sartre

Quais experiências vividas gostaríamos de reviver? E quais queremos esquecer? Um tipo de resposta nos predispõe a tentar algo novo, um outro tipo, a nos confinarmos em um mundo imaginário. Não é possível controlar o mundo e nem tudo é ou deve ser sempre igual.
"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós." Jean-Paul Sartre
Freud “gostava” de sexo e neuroses, chega a ser maldosa a colocação desta maneira, mas ...

Ele cita “compulsão a repetição” um defeito de reviver eternamente um tipo de neurose, como se repetir determinado tipo de erro pudesse em algum momento fazer com que ele se tornasse um “acerto”. Não podemos negar que há pessoas que tentam a repetição de forma doentia, revivendo e repetindo certas experiências dolorosas sem compreender seu próprio erro. É quase como ser um jogador compulsivo, é incontrolável e muitas vezes inconsciente e está ligado a um complexo de inferioridade.

Devemos observar se estamos em algum sistema de repetição, e a partir daí, reagir ou procurar ajuda. Se você vive somente o prazer, você tem algum problema: ou é alienado, ou está se drogando. Porém, viver apenas a dor, o desprazer, você estará exacerbando a essência da vida em um outro campo, o que é também um erro.

Um grande medo do ser humano é a mescla da história de vida pessoal e afetiva, o que inclui traumas, fracassos, desamparo, com o julgamento do outro (da sociedade), e daí tentar obter o seu valor e amor próprios.

"O homem nasce livre, responsável e sem desculpas." Jean-Paul Sartre

“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o!” Nietzsche

Tadziu

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

PERDOAR – “PER DONARE” – DOAÇÃO DE SI



É um sentimento, um afeto que gera diversas emoções, entre elas remorso, mágoa. Um perdão real é difícil, pois ele estaria atrelado ao esquecimento e não à lembrança em certos momentos de eventual raiva. Para alguns é “possível”, assim mesmo, com ressalvas, e para alguns impossível. Perdoar também tem relação com fato, motivo, pois além das diferenças de capacidade de perdão que cada ser tem, existem coisas imperdoáveis sim. Perdão é excessivamente ligado a religião, e daí temos um conceito forte de PERDÃO, que deveria ser possível para qualquer coisa ou ato. Pessoalmente não creio nisso.

Além do fato de perdoar ser um grande feito, e dos dias atuais serem de grande egocentrismo e intolerância, não devemos desconsiderar que não perdoar pode também ser uma postura firme para um valor ou conceito. Ater-se a uma obrigatoriedade do perdão é imaturo ou no mínimo, pouco real. Apesar disso, do direito a não perdoar que devemos ter, sentimentos como raiva, ódio, etc, devem ser eliminados pois nos corroem o espírito. Não perdoar deve ser o suficiente para encerrar os sentimentos ruins eliminando qualquer outro tormento.

“Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te”. *

Geralmente o perdão se faz necessário após um ato qualquer e está ligado não somente ao que perdoa, mas ao que quer ser perdoado. O ser que “precisa” do perdão, muitas vezes comete atos que também se tornam imperdoáveis, como mentiras, chantagens emocionais e outras, o que às vezes somado à questão do “perdão inicial necessário” torna-o impossível.

Apesar de podermos considerar, que o julgamento que fazemos é muitas vezes superficial e/ou tendencioso, é a afetividade de cada um que decide o ato sensível posterior, ou seja, podemos ou não aceitar o ocorrido.

“O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas como elas não são”.*

Daí também surge um grande problema em lidar com a realidade e precaver-se de eventuais falhas e atos que proporcionem no outro algum tipo de grave erro.

O verdadeiro perdão, sendo este compreendido com fundamento religioso ou não, requer esquecimento, o que o torna praticamente impossível. Somente esquecendo podemos “não cobrar” um determinado fato em um outro momento desagradável.

Não perdoar é também uma maneira de finalizar algo em que não mais se acredita. Na verdade, perdoar também é um ato de egoísmo e interesse.

“É muito difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil”.*

O importante, é saber e ter consciência de que a postura de “não perdão” pode também evitar a repetição de algo desagradável, às vezes pior que o originalmente cometido.

*Nietzsche

Tadziu