segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

POSSE RESPONSÁVEL DE ANIMAIS

Não é difícil nos dias atuais encontrarmos temas relacionados à questão da posse de animais. Muitas das abordagens, na verdade, estão voltadas ao simples fato de haver responsabilidade, o que na verdade, no final do raciocínio, está ligado a evitar riscos para os humanos, desde doenças a ataques. Ou seja, a abordagem acaba sendo limitada ao egoísmo do próprio homem. Notem ainda, que posse trata de propriedade, e animais perante a lei, dependendo da situação, são realmente bens semoventes.

É difícil tratar do assunto relacionado a responsabilidade fora de um caráter relacionado a leis, pois para que muitas das coisas funcionem em proteção animal, necessitamos da coerção do Estado, porém quero destacar também outros aspectos que julgo tão importantes ou mais que a mera responsabilidade.

O tratamento que se dá a um animal não é melhor ou pior proporcionalmente à classe social onde este se encontra. Há moradores de favela que cuidam bem de animais, e pessoas de classe média e alta que abandonam os animais para não pagar hotel e poder viajar, entre tantos outros motivos.

Vivemos atualmente em um sistema doentio em qualquer aspecto social que possamos pensar. Falta uma política concreta de controle, falta união da sociedade, integração de associações protetoras com governos, clínicas veterinárias, faltam voluntários sérios e capazes de conscientizar, e o problema é de todos, de toda a sociedade.

Dentro da questão de conscientização, esbarramos em muitos mitos e também em preconceitos. Pessoas não querem castrar animais machos, alguns dizem que cães devem procriar pelo menos uma vez, etc. A castração, além de manter o controle populacional de animais, evita também o desenvolvimento de algum tipo de câncer, infecções, e também comportamentos de risco dos animais como em brigas, mordeduras, atropelamentos e outros.

Para se ter uma idéia da necessidade de castração:

Para cada humano que nasce, em média, nascem 15 cães e 45 gatos. Em aproximadamente seis anos, a partir de uma cadela, teremos 64 descendentes e, a partir da gata, algo por volta de 420 mil.

Não há como esperar que se consiga doações, pessoas que querem animais, em uma proporção como essa. A longo prazo teremos animais demais expostos a atrocidades que prefiro não descrever.

Abrigos para animais não solucionam nada e acabam se tornando depósitos. Não há razão para se iludir pensando em uma saída como essa.

A adoção de um animal exige conscientização. Doar um animal não é se desfazer dele deslocando-o para outro lugar. O mais importante passo não está em somente conseguir um lar qualquer, mas fazer com que o adotante compreenda que além da responsabilidade, há um compromisso com a vida. O abandono deve ser tratado como aquilo que ele realmente é, algo desprezível, algo que diz muito sobre aquele que cometeu o ato de abandonar. Tal tipo de pessoa deve ser socialmente marginalizada.


Não deixe de considerar que animais são inteligentes, sentem dor, fome, precisam de carinho, tem sentimentos, quem convive com eles sabe disso tudo. Animais vivem o hoje, somente o presente, não tem planos, não pensam em futuro e são verdadeiros sempre. Possuem sua organização e muitas vezes não são bem compreendidos.

"O Homem tem feito na Terra um inferno para os animais." Arthur Schopenhauer

Então, temos muito o que fazer, e talvez a questão da “posse responsável” deva ser melhor desenvolvida e transformada em algo como “RESPONSABILIDADE PELA VIDA”.

Nossa incoerência não pode ser inconseqüente. Não ignore a dor de seres vivos, não importa de que ser falamos.


“A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem”. Arthur Schopenhauer