quinta-feira, 2 de outubro de 2008

MANIPULAÇÃO


Historicamente, a Bíblia deveria ser maior, mais completa. Podemos dizer, que a Bíblia no formato à qual temos acesso foi editada, não foram incluídos muitos textos que na época não eram “interessantes” para as necessidades, etc.
Muitos documentos “bíblicos” foram encontrados posteriormente à publicação oficial, como por exemplo o Texto Gnóstico achado em Nag Hammad em 1945 sobre São Tomé, ou seja, para o conteúdo ser sério e completo, falta um Bíblia atualizada. Muitos são os textos agnósticos que poderia complementar o livro “sagrado”, mas não há interesse e sim, uma versão oficial manipulada.
Também não devemos nos esquecer que traduções não são nada fáceis, especialmente em textos no formato dos bíblicos, cheios de metáforas, mitos, etc.

Não nego que a Bíblia contenha fatos e elementos históricos, mas não é possível termos a Bíblia como uma obra histórica, como uma referencia real, e para tudo o que lá está, é necessário buscar em outras fontes confiáveis a veracidade do que lemos. Então, a Bíblia, na melhor das hipóteses, é uma referência, assim como a história de Atlântida segundo Platão.

A Sociedade Bíblica do Brasil é algo assustador. Lançou versões diversas da Bíblia em formato digital, formato de livro escolar, histórias ilustradas, e não é uma instituição neutra, é de caráter evangelizador e não científico, é dogmática, e deve ser vista com muito cuidado e ressalvas.

Como pensadores, devemos tender a superações e não ao poder. Daí, não é importante defender a existência ou não de Deus, ou a validade ou não das escrituras, mas o impacto social e os danos que os dogmas e a fé causam.

Aparentemente, até temos conseguido em nosso grupo algumas mudanças, mas é importante que elas venham a atingir os grupos de pessoas que realmente decidem os rumos da sociedade e tem o real domínio sobre coisas e a sociedade.

Daí, entramos na questão da manipulação e dos elementos que são utilizados para tal efeito:

1) a vida é norteada para o domínio atual estabelecido, o que tem na verdade criado situações de destruição e morte;
2) tal tipo de norteamento não universaliza a vida, sendo esta de valor menor e nosso espírito acaba por ser desvalorizado e esvaziado de sentido.

3) um ideal social não surge, onde diferenças imperam, onde “o deus de um é melhor que o de outro”, onde cristãos de diferentes religiões se matam, e assim não surge nada novo que esteja mais de acordo com as necessidades humanas. Claro, a questão não é somente religiosa, mas também religiosa, pois a religião é um dos instrumentos de alienação, comodismo, manejo da população.

Uma sociedade melhor não é hipócrita, é solidária e justa e deve aprender a pensar. Sermos fiéis a realidade nos trará uma grande liberdade interior, o que é necessário para a emancipação social.

Manipulação é manejo, serve bem para o gado, e talvez para os cordeiros de deus, mas não para uma sociedade saudável. Domínio é algo perigoso e nos leva a um tratamento aviltante de rebaixamento.


No formato social atual, seja ele político, ou religioso, as pessoas são ilegítimas e sofrem um grande sadismo não percebido por todos. A sociedade é rebaixada de forma até cruel. Tudo é conduzido de uma maneira que impede a organização, dificulta que as pessoas se unam e impede a organização por práticas de manipulação.

1) A sexualidade está repleta de morais cristãs que desrespeitam a individualidade, a preferência e condenam homossexualidade, etc. causando culpa, comoção psicológica e outros aspectos social e emocionalmente não interessantes para o desenvolvimento da humanidade. Platão compreendia por “Eros” uma força misteriosa que elevava o homem em beleza, bondade e perfeição. O “erotismo” atual é um descontrole sexual para satisfação imediata, o que é frustrante e demonstra uma regressão cultural.

2) A amizade que é ou deveria ser algo estável, deve voltar a ser afetuosa e compreensiva, substituindo a tecnologia que nos faz hoje sermos virtuais demais e compreendidos pelo Estado somente como números ou fontes de renda, seja em impostos ou na capacidade aquisitiva de bens;

3) O amor, que é também um instrumento social de proteção, deve ser comunitário. Vivemos em comunidade e devemos prezar pela nossa capacidade de tornar o social melhor, e estes valores devem superar o amor cristão, que acaba sendo pelo outro cristão quando isso acontece. O religioso em média, é uma espécie hipócrita condenável;

Manipula (o sistema) ou todo aquele que nos seduz, nos empurra realidades sem que forneça razões. Somos tratados como idiotas e arrastados a decisões e atos que favorecem a alguém ou a algum grupo específico, o que mata o valo social como um todo, pois busca interesses específicos.

Adiciono aqui a manipulação pelos meios de comunicação, via comerciais:

O que exatamente vendem? O que exatamente você compra?

Em comerciais de cerveja ou de carros, geralmente vemos belas mulheres. Elas normalmente nada dizem, apenas figuram, mostram-se como uma imagem agradável, sedutora. Estas imagens entram na mente das pessoas que tendem a comprar produtos pelo que viram, sem pensar: mas esta cerveja não me dará uma mulher bela, ou, o fato de comprar este carro, não me trará a bela modelo no porta malas. Para os que podem comprar, compram e sentem um tipo de frustração, para os que não podem, não compram e sentem frustração e revolta, outro aspecto social péssimo atraindo para uma realidade inexistente e superficial, fazendo parte da manipulação.

Idéias e atitudes impostas, sejam elas políticas, econômicas ou religiosas, são perigosas e configuram ideologia com força persuasiva. Como efeitos colaterais temos violência, risco de tirania, apatia, entre outros.

A manipulação serve para que nos tornemos consumistas (o que não é ecológico e é isento de lógica), para alienar o espírito e manter massas dominadas de forma fácil, e ambas se valem de diversos instrumentos para obter sucesso.

Quando as pessoas conseguirem ter boas idéias, convicções éticas lógicas e sólidas e vontade de se desenvolver, haverá mais solidariedade e passaremos a cuidar de uma estrutura mais social.

Em democracias o domínio é mais difícil ou dissimulado e em tiranias pode-se prometer vantagens em detrimento da liberdade, apesar da democracia não garantir tanta liberdade quanto prega que todos são mais livres do que a realidade mostra.

A linguagem é o maior instrumento de domínio e manipulação. Se pensarmos que a sociedade lê pouco, quase não pensa, tem dificuldade na interpretação de textos básicos ou do que está “escondido” no que lê, como devemos pensar nas pessoas que interpretam textos Bíblicos? Aquelas que vemos nos meios públicos de transporte, lendo uma Bíblia e te perguntando se pode ler um fragmento para você?

De tudo o que podemos mencionar a respeito de linguagem, a pior a ser questionada é a da Bíblia, pois é a que nos é apresentada de forma mais “pronta”, como verdade absoluta e inquestionável, e o Estado, apesar de “laico”, é bombardeado por decisões legais na verdade legitimadas por verdades morais da Bíblia, eliminando totalmente a realidade, como por exemplo na questão do aborto, homossexualidade, etc.

Manipulação é um tipo de mágica intelectual, e superar isso não é fácil. A manipulação é estrategicamente feita para iludir, e aquele que deve perceber o “fake” da questão, nem sempre está atento o suficiente. Heidegger já dizia que as palavras são na história, mais poderosas que as coisas e os fatos.

Uma grande demonstração do fato da força das palavras e da ausência do senso crítico é a capacidade destrutiva ou de manipulação dos boatos, e ainda, o convencimento pela repetição de mensagens e imagens pelos meios de comunicação, especialmente em períodos próximos a eleições. É suficiente ter um clima para a apresentação de erros, tratar tudo de forma superficial e transformar isso em verdade.

Fugir da manipulação é algo complexo, e quando pensamos em massas, pensamos em educação e metodologia. TODOS devem estar alertas à questão e às arapucas da manipulação, desenvolver um pensamento crítico e lógico. Um povo que não pensa é um povo entregue, rendido, e aceitar a Bíblia, como foi nos ensinado, sem questionar, como verdade, etc, é um grande erro.

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