sexta-feira, 8 de maio de 2009

Nietzsche e o Eterno Retorno


Nietzsche não finalizou o conceito, mas ele aparece em algumas das obras, como em “Assim Falou Zaratustra”, que já li algumas vezes, e em “A gaia ciência”, que anda não li. Em “Além do bem e do mal”, uma das melhores obras para se refletir sobre o homem e em trechos de fragmentos reunidos por sua irmã posteriormente, também há referências ao Eterno Retorno. O próprio Nietzsche considerava o pensamento amedrontador e o teve durante uma caminhada contemplando uma formação rochosa.
O Eterno Retorno refere-se a ciclos repetitivos da vida, pois estaríamos sempre presos a um limitado número de fatos, que aconteceram no passado, são repetidos no presente e serão também repetidos no futuro, como guerras e epidemias. Pessoalmente, acho excessivamente drástica tal afirmação e ainda, ela nos limita em questões de evolução e convívio social quando pensamos em guerras. Epidemias em teoria, podem ser controladas graças à ciência, e ainda que venham a acontecer, a maior probabilidade é de que as proporções destas sejam cada vez menores, ou, surja uma epidemia de proporções “bíblicas”, totalmente fora de controle, o que não seria exatamente uma repetição.
Acredito também, que como seres únicos, nem sempre cometemos os mesmos erros. Quando tendemos a repetir o mesmo erro, podemos interpretar isso como um traço patológico mental. O Eterno Retorno é insensato e não leva em conta a percepção real do tempo, pois não trata de um ciclo temporal que se repete ao longo da eternidade indefinidamente, pois as coisas mudam, as avaliações e valores culturas também, etc.
Podemos notar ainda, que Nietzsche em textos relacionados a História, não coloca o Tempo como algo cíclico, então parece haver um erro na questão. De qualquer forma, como digo no início, não é uma coisa terminada por ele.
Nietzsche com o Eterno Retorno questiona a ordem das coisas. Bem e Mal, angústia e prazer, são fases complementares da realidade e se alternam para sempre na eternidade, que não tem objetivo ou finalidade, então a alternância não cessa nunca. Sendo o tempo infinito e as forças em conflito se combinam de forma finita, as coisas se repetem em algum momento infinitamente.
Há também relações entre Eterno Retorno e Amor fati (Amor ao destino), e a vontade de potência.
Amamos ou não a vida? O Eterno Retorno questiona se seríamos capazes de amar a vida e vivê-la tal como é com as repetições de coisas boas e ruins. Além de prazer, vivemos também a dor, além da guerra, também a paz... Podemos amar a vida sendo que tudo se repete nela?
única vida que temos - a ponto de querer vivê-la tal e qual ela é, sem a menor alteração, infinitas vezes ao longo da eternidade? Temos tal amor ao nosso destino? - Eis a grande indagação que é o Eterno Retorno.
Uma última consideração sobre o Eterno Retorno é um dos maiores problemas da filosofia: podemos estar além do bem e do mal e sentir a vida de forma ontológica como única e múltipla e ainda assim amá-la? E ainda: fazer bem feito e com alegria tudo a cada instante, pois tudo se repetirá para sempre?
Vejo isso como um tipo de estagnação e limitação. Devemos desenvolver meios para que as repetições aconteçam somente com aquilo que é bom.
Tadziu

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