sexta-feira, 11 de julho de 2008

ABORTO




São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2008 – Folha de São Paulo COTIDIANO


“Câmara derruba projeto que legaliza aborto - Pelos projetos, deixaria de ser crime aborto feito em gestações de até 90 dias; hospitais públicos teriam de realizar o procedimento.

Durante quase três horas, os projetos 1.135, de 1991, e 176, de 1995, foram objeto de discursos pró e contra que misturaram direito e convicções religiosas.”

“O momento mais polêmico foi quando o deputado evangélico Carlos Willian (PTC-MG) tirou de uma caixa duas bonecas e um caixão de criança e gritou para a platéia: "Vocês querem matar essas crianças?".

“Antes da cena, Willian comparou o abortamento com recentes crimes ocorridos contra crianças no país -Isabella Nardoni, jogada da janela, e João Roberto Amorim, baleado no domingo no Rio, em crime atribuído a policiais militares.”

É interessante observar, que as religiões não conseguem por si só IMPOR suas próprias “leis e vontades”, necessitando de todo um aparato jurídico demonstrando enorme hipocrisia nas possibilidades de soluções a médio e longo prazo. Não bastaria que seus fiéis fossem obedientes às regras impostas pelas religiões? Por que se faz necessário a imposição também legal para a questão?

Desprezam primeiramente, a liberdade real que todo cidadão deve ter em fazer suas próprias escolhas e mesmo com a existência de um tal livre-arbítrio, exigem leis de proibição. Apresentam exemplos idiotas como Isabella Nardoni e outros, que se popularizaram graças aos meios de comunicação e despresam o sofrimento de um mundo de crianças abandonadas e rejeitadas pelas famílias. Aborto sim, para quem quiser fazer, que deve ser feito em hospitais públicos, pois trata-se de um problema social, sem a hipocrisia de abortos caseiros ou realizados em clínicas clandestinas. Religião está entre as instituições mais conservadoras e hipócritas que existem.

"Aquele que teme a Deus e ama ao próximo não tem que se limitar a um debate jurídico." A frase, do deputado Jorginho Maluly (DEM-SP), foi uma das que deram o tom religioso.

Ainda que exista um “Deus”, ele não é o mesmo para todos e está ausente das soluções e causa problemas. Não se pode e não se deve impor um deus ou uma religião a toda uma sociedade, pois isso afeta a liberdade religiosa (ou não).

“A maior parte das pessoas presentes, no entanto, era contrária às proposições. Havia quem rezasse o terço e distribuísse revistas católicas.”

Levando-se em contata a realidade e os problemas existentes, desprezando-se todos os mitos e semelhantes, podemos facilmente constatar que:

1) Precisamos de campanhas de conscientização para a questão da natalidade, onde o estado e toda a sociedade devem ensinar os métodos anticoncepcionais;
2) Legalizar o aborto, pois são inúmeras as situações onde ele é necessário, e quando não realizado em hospitais ou clínicas, acaba sendo feito de forma caseira ou ilegalmente em clínicas sem estrutura por médicos desqualificados;
3) A esterilização também deve ser divulgada e estar disponível para homens e mulheres no serviço público de saúde.

Além do aspecto humanitário compreendido no direito ao aborto e conhecimento dos meios de anticoncepção, pois crianças indesejadas acabam se tornando na maioria das vezes crianças de rua, bandidos, etc, o mundo também agradecerá por uma menor taxa de natalidade com as medidas acima relacionadas.



Seria interessante que as igrejas evangélicas e católicas recolhessem TODAS as crianças abandonadas e adotassem as rejeitadas que poderiam ter sido evitadas por aborto, então sim o discurso passaria a ter um pouco de sentido.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tadeu disse:
"Seria interessante que as igrejas evangélicas e católicas recolhessem TODAS as crianças abandonadas e adotassem as rejeitadas que poderiam ter sido evitadas por aborto, então sim o discurso passaria a ter um pouco de sentido."

E enquanto lia o texto pensava exatamente em escrever essa idéia no comentário, rs.

Sou a favor sim! Sem dúvida! Um controle de natalidade seria ainda mais interessante. É triste como a sociedade, de modo geral, ignora problemas tão comuns - como a superpopulação.

O filho-da-puta é sempre o "outro", o bandido é sempre o "outro", a criança folgada é sempre "do outro" e por aí vai. O outro somos nós mesmos mas incrivelmente parece não haver essa consciência.

Abração! ; )

dani disse...

Eu que convivo diariamente com esta realidade, aprovo com certeza tudo que vc e o Cristiano disseram. Aí aparece uma mamãezinha aqui com 5 filhos em um barraco de 1 cômodo, todos bem barrigudinhos (de verme). E eu pergunto: Não vai operar? E a mãe me diz: Eu tentei, mas o médico disse que não vai me operar por causa de minha idade. Isso tem fundamento? Assim como tb foi votado, virou lei, decreto e sei mais lá o que que TODA CRIANÇA TEM DIREITO A CRECHE. Ok... mas não tem creche para toda criança, e aí são centenas de mães desesperadas chorando em meu balcão, todos os dias... e é isso, uma coisa se liga a outra... entendeu o que eu quis dizer? E não pode abortar, não há controle de natalidade, não há postos de saúde... não há condições de nascer mais crianças neste mundão.