domingo, 17 de fevereiro de 2008

Deus, deuses...




Deus, deuses, crenças... formação da religião segundo uma ótica pessoal...
No século VI A.C, nasce o Orfismo, primeira concepção dualista de alma (=demônio) e corpo (=lugar de expiação da alma): pela primeira vez o homem vê uma batalha interior de dois princípios em luta um contra o outro, onde o corpo é visto como cárcere e lugar de punição do demônio. Enfraquece-se a visão naturalista e, assim, o homem começa a compreender que nem todas as tendências que percebe em si são boas, que algumas, ao contrário, devem ser reprimidas, sublimadas e comprimidas, e que é necessário purificar o elemento divino nele existente do elemento corpóreo e, portanto, mortificar o corpo. Observe especialmente o período em que isto acontece, século XI (seis) (Antes de Cristo).Certamente qualquer pessoa que saiba ler e compreenda um pouco do texto e do contexto, poderá localizar e traçar paralelos com as religiões atuais, que basicamente são modificações e aperfeiçoamentos de várias doxografias passadas, mas é claro, a intenção aqui não é converter ninguém a nada, e sim expor uma linha de crença e pensamento.[...] A palavra ‘phisis’ indica aquilo que por si brota, [...] que se caracteriza por uma dinamicidade profunda, [...] o psíquico também pertence à ‘phisis’. [...] Tales disse: ‘ tudo está cheio de deuses’. [...] Tudo está cheio de misteriosas forças vivas; a distinção entre a natureza animada e a inanimada não tem fundamento algum; tudo tem uma alma. [...] À ‘phisis’ pertence, portanto, um princípio inteligente, que é reconhecido através de suas manifestações e ao qual se emprestam os mais variados nomes: Espírito, Pensamento, Inteligência, Logos, etc. [...] A ‘phisis’ compreende a totalidade de tudo o que é. [...] Para os pré-socráticos a ‘phisis’ compreende em si tudo o que existe. Os fragmentos acima demonstram uma grande possibilidade destes conceitos com o tempo terem sido transformados em coisas do tipo “Deus está presente em tudo...” etc.Em (580/577 – 460 a.C.) Xenófanes de Cólofon diz que o elemento primordial é a terra. [...] Combate acirradamente a concepção antropomórfica dos deuses, e defende um Deus único, distinto do homem, não-gerado, eterno, imóvel, puro pensamento e que age através de seu pensamento. Alguns fragmentos: a) [...] Dirigem também suas orações a estátuas, como se fosse possível conversar com edifícios, ignorando o que são os deuses e os heróis. b) Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida. c) Lei é também obedecer à vontade de um só. d) Mesmo percorrendo todos os caminhos, jamais encontrarás os limites da alma, tão profundo é o seu logos. Escrever sobre os primeiros filósofos, sobre as origens das linhas de pensamento é algo fascinante, pois nos faz voltar no tempo e espaço, buscando em suas origens, em seus pensamentos, fragmentos que se transformaram em muitos de nossos pensamentos, vivências e crenças. Neste campo tão fértil, podemos perceber que eram pessoas altamente inteligentes, que se dedicavam à observação de fatos que ,para aquela época, não significavam muito para a maioria das pessoas (o que de certa forma ainda é válido hoje).Os filósofos pré-socráticos nos deram a possibilidade de ter princípios para a reflexão racional. Nada é fixo, nada é fechado, a intenção será sempre de aprendizado e reflexão.

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