segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Scuppie - nova filosofia de vida




Scuppie é nova filosofia de vida
Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lavanguardia/2009/01/19/ult2684u479.jhtm (leia o artigo na íntegra)
“São pessoas abastadas. Mas querem aprender a gastar, gastar "conscientemente". Felizes conscientes. O neologismo scuppie agrupa os indivíduos que, desejam "viver bem enquanto fazem o bem".

Chuck Failla era diretor de uma grande empresa de planejamento financeiro com escritórios em Manhattan, e também comentarista de assuntos econômicos em diversos meios de comunicação. Entre eles, os informativos da CNN. Foi ele quem teve a ideia do chamado Manifesto scuppie, cuja filosofia pode ser encontrada em www.scuppie.com.

Usam roupas orgânicas - que podem ser 100% algodão, produzidas, é claro, por empresas livres dos circuitos de exploração. Alimentam-se de forma saudável, amam a soja pura e o arroz integral e respeitam o meio ambiente sem sentir que "sacrificam" sua vida por um paraíso verde. E tudo, isso sim, sem renunciar gastar.

"Não é obrigatório escolher entre a velocidade de um carro e a economia de combustível. As duas coisas podem ser combinadas - diz o documento, que tem como lema o conforto e a conservação. Luxo e continuidade. Em seu interior, há um ponto asceta e verde. Reciclam, usam sacolas de papel ou pano - nunca de plástico - e não desperdiçam água. "Ainda que você tenha dinheiro não tem porque ignorar a realidade. Pode agir de acordo."

O modelo escolhido - da alta sociedade - é o casal Angelina Jolie e Brad Pitt. Com filhos biológicos e adotados, grandes desafios profissionais e familiares, um compromisso social público e contínuo, eles estão envolvidos em campanhas de ajuda social, mas instalados no bem-estar. Jolie é embaixadora da boa vontade do Alto Comissionado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e parece que seu marido se contagiou por essa vontade solidária.

Os scuppies são pessoas definitivamente bem informadas, que tomam partido e fascinam o público com seu modo de vida, ainda que alguns os vejam como ativistas e outros apenas como mentes arrependidas que não pensaram no aquecimento global há duas décadas.

Como Failla teve a ideia do Manifesto Scuppie? Um dia, em seu escritório, depois de uma conversa telefônica, um colega de trabalho perguntou se ele havia conseguido um novo cliente. "Respondi que sim, que era o cantor Bono e eu iria ajudá-lo num projeto para pessoas sem teto. E enquanto eu falava, ele não parava de olhar com ceticismo para o meu Armani e o meu Rolex". Failla se questionou então se não era possível querer ascender profissionalmente e, ao mesmo tempo, ser socialmente consciente. "Ainda que eu ganhe dinheiro - responde Chuck Failla - não me esqueço que vivo em comunidade. Sei que devo envolver-me nas lutas pelo meio ambiente e contra a injustiça social".

Tradução: Eloise De Vylder

Ou seja, Ser Scuppie é ser um tipo de alienado com a consciência tapadamente em paz através de um novo artifício hipócrita porém “funcional”.
É uma opção que surge para minimizar ou eliminar a consciência necessária que eventualmente possa levar o mundo a mudanças socialmente justas e reais.
Para ser um Scuppie, é preciso ter um poder aquisitivo elevado, e pelos exemplos acima, talvez 10% da população mundial possa “brincar” de Scuppie. E sejamos sinceros, não fará tanta diferença para quem está passando fome na Africa ou mesmo no Brasil.

Chuck Failla, idealizador do movimento é um alienado ou um atormentado, ou ainda, criou uma novo meio para alienar e sossegar as massas. Um diretor financeiro em Manhattan e comentarista de assuntos econômicos, incluindo CNN, poderia por exemplo iniciar um movimento de conscientização, questionar o motivo que leva empresas que lucraram milhões ou bilhões em períodos anteriores não dividirem os lucros entre os funcionários ou como após tanto lucro não possuem alguma gordura para queimar e em início de crise demitem trabalhadores ao invés de socialmente manter os empregos... enfim, é um caminho bem confortável o que ele escolheu para melhorar o mundo “deles”.

Não podemos nos esquecer, que os mesmos que aderiram ao “scuppie”, são aqueles que trabalham vendendo e produzindo “cultura”, influenciando comportamentos, criando necessidades para vender mais, fabricando e poluindo o planeta de forma inconseqüente. Esta é a classe que diretamente “escolhe” como o resto do mundo deve viver, o que deve comprar, desejar...

Seria também interessante questionar a “permissividade” mundial com relação à limpeza étnica em alguns países da África e a condenação do mesmo fato no Iraque...

A opção de vestimentas e alimentação é perfeita, especialmente levando-se em conta, que os outros 90% da população mundial não podem manter tal padrão, sem mencionar os que não mantém padrão algum além do da fome e falta de vestimentas.

As propostas ecolócias são ainda mais engraçadas. Carros potentes e econômicos, sacolas descartáveis... nossa, realmente estou comovido. . "Ainda que você tenha dinheiro não tem porque ignorar a realidade. Pode agir de acordo." Deve ser de acordo com o padrão que já existia para esta melhoria, melhorado talvez com comida de ainda melhor qualidade.

Vejo a necessidade de medidas e de conscientização para o transporte coletivo, veículos econômicos ao extremo sem a necessidade potência, combustíveis não poluentes e renováveis, alimento barato saudável e para todos, etc.

O casal escolhido como modelo, pode-se dizer que até “faz algo” pela sociedade, especialmente Jolie, aparecendo em países pobres com tarefas humanitárias, adotando crianças, etc. Bem, para as crianças adotadas por ela fez diferença, algum “exemplo” até ficou, porém o que melhorou além disso? Vende mais filmes? Vende uma imagem melhor de si? Qual o valor real da ONU nos dias atuais? O Irã foi invadido apesar da “proibição” da ONU. Qual o motivo que impede uma ajuda solidária que se note, quando pensamos em tantos shows beneficentes de proporções bíblicas, projetos, doações, ongs, etc? Precisamos parar de viver de aparências.

Os scuppies são óbviamente “cultos” e despertam o fascínio do público, até pelo fato de grande parte deste público ler e gostar da revista Caras e outras semelhantes, então o senso crítico com relação ao que está ocorrendo faz com que pareça uma grande maravilha de comportamento social novo. O aquecimento global não irá mudar com os scupies, sendo que pode até piorar pela frustração incosciente que estes podem causar. A grande maioria dos veículos em circulação continuará sendo de veículos que consomem muito, em muitos locais do mundo serão ainda veículos velhos, e os investimentos em transporte coletivo continuarão no mesmo patamar do atual.

Mudanças reais virão com a educação, a melhor distribuição de renda, o desenvolvimento de um modo de vida com solidariedade, e não a partir de coisas banais como os scuppies, que na verdade são um atentado ao bom senso.

NINGUÉM precisa de Armani, Rolex, etc, exceto o sistema capitalista, que por si só é um vício que mantém as coisas como estão em um círculo vicioso interminável com sugestões de “filosofias” novas de vida para poucos.

Tadziu

2 comentários:

Paulo disse...

Cara, você esta criticando os " scuppies", porque? Eles estão fazendo algo, podiam continuar em suas mansões, com seus rolex e viver a vida deles tranquilamente, sem se preocupar com isso, mas não, por mais pequeno e pouco que seja, eles querem de alguma forma ajudar. Vá cobrar educação, uma melhor distribuição de renda aos governantes, e você? O que faz pra ajudar? Tira essa sua bunda da cadeira, saia da frente do computador e faça algi, por pouco que seja, mas faça, ao invés de criticar que faz.

TADZIU disse...

Paulo, me diga o que você faz e qual é o motivo que impede alguém de fazer uma crítica.