terça-feira, 23 de junho de 2009


Kant
Crítica da Razão Pura
Doutrina transcedental dos elementos
Lógica Transcedental



Introdução



Kant classifica as Lógicas em Crítica da Razão Pura.
Algumas das idéias de Kant são ainda válidas, especialmente por terem conseguido um status de “não estagnar” as ciências.
Kant na introdução à Lógica Transcedental na obra Crítica da Razão Pura é uma referência nova, uma produção voltada para um tipo de organização didática, um método a ser seguido como correto na busca do conhecimento.
Uma divisão possível da Lógica de Kant é:
Lógica em geral
Lógica transcedental
Lógica Geral em Analítica e Dialética
Lógica Transcedental em analítica e Dialética transcedental.
Kant divide e segmenta em ramificações a classificação de lógica. Daí, Lógica Geral se contrapõe à Lógica Particular. Da mesma forma separa e diferencia questões da Lógica Geral Pura das que se relacionam com a Lógica transcedental. Assim ele cria um lugar, um espaço para um outro tipo de lógica, a Lógica transcedental.
Kant questiona a capacidade que podemos ter em conhecer, e dividindo a Lógica ele cria uma demarcação para o conhecimento, considerando diferentes áreas do saber.


Lógica em Geral e Lógicas Particulares


Para Kant, o entendimento humano se dá pela formulação de juízos o que significa poder universalizar e representar dois ou mais conceitos de forma objetiva e válida. O entendimento não é aleatório para Kant e deve seguir normas que podem ser gerais se servirem para qualquer juízo, independente do conteúdo, ou particulares, caso sejam válidas exclusivamente em algumas situações onde o pensamento avalia um conjunto determinado de objetos.
Regras particulares de pensamento são contingentes por considerar em determinado momento a formulação de juízos sobre uma área específica de conhecimento. Pelo fato de se ajustarem a áreas específicas como física, sociologia, química, etc, as Lógicas particulares de entendimento são órganons (métodos) para a apreensão do conhecimento de determinada ciência.
Regras de uso geral se aplicam a qualquer argumento ou juízo possíveis, puros ou empíricos. Em Crítica da Razão Pura, Kant apresenta doze meios de conferir unidade ao conhecimento que desencadeou um juízo. Além dos doze meios para se chegar a juízos, a Lógica Geral possuí inferências para os raciocínios indutivos, dedutivos, etc. O princípio da não contradição e o terceiro excluído são necessidades mínimas a serem atendidas para um pensamento.


Lógica Geral Pura e Lógica Geral Aplicada

Kant trata a Lógica por diversas vezes como sendo uma ciência de regras para o pensamento. O único tipo de Lógica a manter algo de psicologia é a Lógica Geral Aplicada:

“Quanto à Lógica que denomino aplicada (contra a significação comum desta palavra, que designa certos exercícios e cuja regra a Lógica pura fornece) é que representa o entendimento e as regras de seu uso necessário considerado “in concreto”, quer dizer, enquanto se acha submetido às condições contingentes do sujeito que poderão ser-lhe opostas ou favoráveis, não sendo jamais dadas “a priori”. Essa Lógica trata da atenção, de seus obstáculos e efeitos, da origem dos erros, do estado da dúvida, do escrúpulo, da persuasão, etc.”
(Kant, pág. 33)

Mesmo para Kant, Lógica Geral Aplicada é um tipo de conhecimento psicológico com base em dados empíricos, então não deveria ter este nome. Nesta classe estariam conhecimentos obtidos com experiência relacionada com a aplicação ao dia a dia. Assim, é possível depurar os pensamentos sobre as atividades do pensamento em geral das influências psicológicas que interferem.
Lógica Geral acrescida do termo “Pura” serve para com maior precisão efetuar delimitações para o que é ciência, que seria uma investigação a priori das necessidades, normas e regras para um pensamento puro, ainda que em Crítica da Razão Pura tenhamos muitos termos da Psicologia, como “consciência”, “juízo”, “representação”. Apesar disso, temos sim muitas regras sobre como deve ser a Lógica Geral Pura para o pensamento.
Existe uma grande ligação entre validade e formalidade Geral da Lógica Geral Pura.
As Leis Lógicas são bastante descritivas e movem o entendimento e a razão, sendo normativas. Kant necessariamente tem que encontrar saídas com relação ao valor necessário universal e os riscos de produzirmos raciocínios e juízos falsos.


Lógica Geral Pura - Lógica Formal


“`Pura” refere-se a conteúdo da Lógica Geral (a priori), não empírica, válida de forma universal e necessária, excluindo não só regras de cunho psicológico consideradas pela Lógica Aplicada, mas também o conteúdo daquilo que se conhece, assim, a Lógica Geral Pura pode ser uma ciência formal.
A Lógica Geral Pura permite um uso geral, em qualquer área do conhecimento.
Na Crítica da Razão Pura, temos regras do entendimento podendo ser usadas sem relação com a sensibilidade, pois um conceito só possuí conteúdo se preenchido pelo menos por uma intuição pura empírica e intuições sensíveis só podem ser atribuídas pela sensibilidade.
Então, o conhecimento humano é possível graças à interação entre entendimento e sensibilidade, que são faculdades cognitivas.
A Lógica Geral Pura possuí regras formais e trata do entendimento e da razão. Para Kant, errar era considerar verdadeiro um falso juízo e ele pode ser falso de duas maneiras: uma associação entre sujeito e predicado que não está de acordo com os fenômenos (falsidade material) ou sua forma (estrutura) é afetada por alguma regra da lógica, como o princípio de não contradição.
Apesar da Lógica Formal ser uma ciência descritiva, ela pode ser enganosa e sugerir leis coercitivas sobre o entendimento o que pode transformar um juízo formal falso em uma verdade paradoxal. Isso se desfaz se possível for observar algo como o princípio de não contradição, anulando o efeito.
Kant explica as possibilidades de juízos não verdadeiros terem esta aparência induzindo ao erro.

“A Lógica geral decompõe, pois, em seus ele mentos toda a obra formal do entendimento e da razão, e os apresenta como princípios de toda apreciação lógica do nosso conhecimento. A esta parte da Lógica pode dar-se o nome de analítica, e e desta sorte a pedra de toque da verdade, ainda que negativa, porque cumpre controlar e julgar segundo as suas regras a forma de todo conhecimento, antes de lhe examinar o conteúdo, para ver se em relação ao objeto contém alguma verdade positiva. Mas como não basta de modo algum para decidir sobre a verdade material (objetiva) do conhecimento, a forma pura do mesmo, por muito que concorde com as leis lógicas, ninguém pode aventurar-se apenas com a Lógica a julgar objetos, nem a afirmar nada, sem ter antes achado, e independentemente dela, manifestações fundadas, salvo pedir em seguida às leis lógicas em uso e encadeamento em um todo sistemático, ou melhor ainda, submetê -los simplesmente a essas leis.” (Kant, pág. 35)


O fato de sermos capazes de perceber um juízo falso evidencia que as leis lógicas valem de forma universal como avaliação de juízos.


Lógica Transcendental


Toda investigação buscando meios para o conhecimento a priori, seja Física, Metafísica ou Matemática Pura, tem este nome para Kant.
A Lógica Transcendental busca conceitos puros e possibilidades de conhecimento a priori, que Kant chama de conceitos puros do entendimento, e o conhecimento a priori só é válido se aplicado a experiências possíveis.
A Lógica Transcendental então traz condições de possibilidade da Lógica Geral Pura e também da Física e Matemática.
Há limitações e se ignorarmos estas usando Lógica Geral Pura como órganon na construção (somente com ela) de um conhecimento verdadeiro, faremos um uso dialético dela, e a Dialética nesta situação seria uma aplicação ruim da Lógica Geral Pura e artificialmente poderia criar um conhecimento verdadeiro encobrindo juízos e raciocínios.
A Lógica Transcedental é passível de divisão em analítica e dialética. A Analítica Transcendental além de expor o conjunto de conceitos e princípios puros que são a forma de entendimento, também explica como é a relação entre entendimento e sensibilidade que gera a construção de conhecimentos com base em juízos sintéticos a priori.
A aparência transcendental, como uma ilusão natural da razão, só pode ser desvelada por um procedimento crítico que tenha bem presentes conceitos e intuições.

Conclusão

A Razão na Crítica da Razão Pura, é uma faculdade do pensamento humano e serve para buscar o incondicionado, que seria a síntese absoluta de todos os conhecimentos possíveis. Mas esse incondicionado nunca poderá apresentar-se sendo objeto de experiência para o humano, como se nota em Analítica e na Estética Transcendentais – e essa é uma condição imprescindível para formular juízos sintéticos a priori. Uma vez que a razão pura é incapaz de produzir conhecimento teórico, resta como importante para nortear a produção de conhecimento científico com idéias.

Tadziu

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