sábado, 6 de junho de 2009

“Médium e In Integrum”



Há cursos de formação de médiuns, o que é muito interessante. Prometem aos alunos um curso, com base no Evangelho, o desenvolvimento da própria mediunidade (pois dizem que todos temos) dentro das bases e princípios da Doutrina do Espiritismo.

Vi ainda afirmações sobre mediunidade sendo exercida de forma mecânica, e sendo assim, aleatoriamente sem um objetivo definido. Daí a importância de aprender, reconhecer a própria mediunidade e assim, usar este “poder” ou capacidade individualmente e para a sociedade.

Como grandes facilidades no desenvolvimento e transformação de uma pessoa em Médium estão:

- não há como questionar se é ou não verdade, pois não há fundamento e muita coisa se confunde com delírio. Muito daquilo em que você irá acreditar estará somente no senso comum;

- geralmente você é socialmente respeitado e visto até com um certo medo pelos outros. Raramente alguém te diz que você é pirado, pois trata se de um tipo de religião, que a maioria das pessoas tem;

- além dos evangelhos você tem como bibliografia alguns livros de Kardec e alguns mais, uma bibliografia não muito grande, e dará lucro a pessoas que perceberm esta fatia de mercado;

- não exige especial esforço ou engajamento, uma vez que a mediunidade já está em você e não há limitações ou pré requisitos para seu desenvolvimento, além de sua própria alienação;

- você terá logo a sensação de ser especial e diferente dos outros. Sentirá até mesmo que é superior e melhor, e como muito disso está na área da metafísica, você fica sossegado dando explicações que ninguém pode realmente confirmar ou testar.

Mas e para ser “In Integrum” ou seja, por inteiro?

Você terá que rejeitar a maior parte da metafísica, religiões e semelhantes e pensar de forma racional e lógica. Terá um aprendizado que nunca termina, que nunca te satisfaz, e buscará um desenvolvimento mental e físico permanente. Terá que optar por um dos tantos cursos embasados de forma epistemológica e aceitar que não é possível conhecermos tudo, que os maiores valores estão na realidade e que é possível ser feliz nela.

Entre as maiores dificuldades você terá:

- será questionado e você mesmo questionará a validade das coisas. Quase nada daquilo que você acredita estará no senso comum;

- você com seu racionalismo e lógica terá alguns problemas em sociedade, mas poderá ser realmente respeitado, só que terá mais trabalho;

- seu esforço será grande, pois o conhecimento não é fácil de ser obtido e os meios para isso e a bibliografia são intermináveis e sempre serão, pois produzimos conhecimento a cada instante;

- em muitas das exigências que o conhecimento traz, você terá embasamento empírico e capacidade para uma real apreciação das coisas, então viverá o que há de melhor e tentará transformar o mundo não com bases fundamentadas em nada, mas em uma real vivência.

Então a concepção de tornar se algo não completo é meio estranha. Se realmente todos tivessem a tal mediunidade e agissem de acordo com estes conceitos, a Sabesp teria que, além do flúor, misturar psicotrópicos na água para manter a sociedade em uma relativa normalidade.

A realidade é realmente dolorosa, não é fácil vive la, porém fugir por um caminho médio é no mínimo mais um paradoxo entre tantos que vivemos e talvez um dos menos necessários.


Lembrem-se: Eu ouço vozes, e elas não gostam de vocês!


Tadziu

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